sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Marcos 15:38-39 - Os Brados no Calvário

Série de Sermões em Marcos
Passagem: Marcos 15:38-39
Título: Os Brados no Calvário
Pregado na manhã de Domingo, do dia 26 de agosto de 2012,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Gustavo Barros

Versão em vídeo

Marcos 15:38-39 33 E houve trevas sobre toda a terra, do meio dia às três horas da tarde. 34 Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni?" que significa: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?" 35 Quando alguns dos que estavam presentes ouviram isso, disseram: "Ouçam! Ele está chamando Elias". 36 Um deles correu, embebeu uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e deu-a a Jesus para beber. E disse: "Deixem-no. Vejamos se Elias vem tirá-lo daí". 37 Mas Jesus, com um alto brado, expirou. 38 E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. 39 Quando o centurião que estava em frente de Jesus ouviu o seu brado e viu como ele morreu, disse: "Realmente este homem era o Filho de Deus!"

Introdução:

Continuamos hoje nossa incansável jornada pelo assombroso e maravilhoso Calvário. Gostaria de chamar a sua atenção para os brados, proclamações e declarações que ocorreram naquele local durante a crucificação de Jesus. Como veremos, há brados de perversidade, rejeição, ódio, amor, reconciliação, perdão e vitória. Tais brados vêm das mais diferentes pessoas: judeus comuns, líderes religiosos, criminosos, soldados, oficiais romanos, do Filho e do Pai!

Com qual desses que bradaram e proclamaram as mais diferentes coisas no Calvário você se assemelha?

Divisão do Estudo:
I – OS BRADOS QUE ANTECEDERAM A MORTE (V.29-37)
II – O BRADO DE DEUS (V.38)
III – O BRADO DO CENTURIÃO (V.39)

I – OS BRADOS QUE ANTECEDERAM A MORTE (V.29-37)

Analisaremos agora os brados, ou proclamações, durante a crucificação de Jesus. Do versículo 29 ao 37 veremos as declarações que antecederam a morte do Salvador.

1 - BRADOS DE ZOMBARIA E ESCÁRNIO:
Mc 15:29-32 Os que passavam lançavam-lhe insultos, balançando a cabeça e dizendo: "Ora, você que destrói o templo e o reedifica em três dias, 30 desça da cruz e salve-se a si mesmo!" 31 Da mesma forma, os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei zombavam dele entre si, dizendo: "Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo. 32 O Cristo, o Rei de Israel... Desça da cruz, para que o vejamos e creiamos! " Os que foram crucificados com ele também o insultavam.

É em Gólgota que podemos ver os mais diversos tipos de pessoas proclamando as mais terríveis palavras para com o Messias.
v.29As pessoas comuns --- pessoas que caminhavam para Jerusalém para celebrar a Páscoa. Brados de humilhação e palavrão (Gk. βλασφημέω)!

v.31OS LÍDERES RELIGIOSOS --- Esses eram os homens mais respeitados e reverenciados em Israel. Eles passam e bradam insultos. Proclamam que Jesus não passava de um homem cheio de demônios, que curava através de demônios! Brados de rejeição! Brados de mentira! Pois diziam que creriam se Jesus descesse.

15:35-36 Quando alguns dos que estavam presentes ouviram isso, disseram: "Ouçam! Ele está chamando Elias". Um deles correu, embebeu uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e deu-a a Jesus para beber. E disse: "Deixem-no. Vejamos se Elias vem tirá-lo daí".
Após Jesus bradar o Salmo 22, os judeus bradam a volta de Elias como um modo de zombar e ridicularizar a esperança de Jesus. Brado de ridicularização!

v.32OS CRIMINOSOS CRUCIFICADOS --- Até a escória da sociedade bradou palavras de perversidade naquela sexta-feira! Lc 23:39 Um dos criminosos que ali estavam dependurados lançava-lhe insultos: "Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!" Brados de provocações!

OS SOLDADOS ROMANOS --- Para completar o grupo de escarnecedores, os soldados do Império Romano bradam palavras de humilhação e zombaria! Lc 23:36-37 Os soldados, aproximando-se, também zombavam dele. [como era o escárnio?] Oferecendo-lhe vinagre, 37 diziam: "Se você é o rei dos judeus, salve-se a si mesmo".

2 – BRADO DE FÚRIA E JULGAMENTO:
15:33 E houve trevas sobre toda a terra, do meio dia às três horas da tarde.
As trevas bradaram a ira de Deus no Calvário! O justo e santo Juiz brada o veredicto de culpado! Um brado de condenação! Dr. Martin Lloyd Jones disse, “O que a cruz nos proclama é que Deus odeia o pecado.” As trevas proclamam a presença de Deus julgando o pecado que foi imputado no Filho!

3 – BRADO DE ESPERANÇA:
34 Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni?" que significa: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?"

Como foi visto no último estudo, esse não é um brado de desespero e incompreensão, mas um brado de esperança! Ao citar a primeira linha do Salmo 22, Jesus estava ressaltando todo o conteúdo daquele salmo. “A primeira linha invocaria esse salmo todo do justo sofredor – e a sua esperança de uma vindicação divina.(Craig Keener, The IVP Bible Background Commentary NT, IVP, pg 181). O salmo 22 é um hino de agradecimento a Deus pela libertação do justo oprimido, depois da experiência mais profunda de sofrimento.(Odilo P. Scherer, Justo sofredor - Uma interpretação do caminho de Jesus, Loyola, pg 101)

Após seis horas pendurado na cruz, tendo recebido os nossos pecados e a condenação, Jesus deu o brado de esperança! Esperança de que Ele seria salvo e nações glorificariam a Deus como resultado dessa salvação (Sl 22:27-31)! Um brado de esperança – aquilo tudo parecia um fim trágico, mas Deus estava por intervir com vitória!

4 – BRADO DE VITÓRIA E DESCANSO:
15:37 Mas Jesus, com um alto brado, expirou.

Marcos não relata qual foi o último brado de Jesus, mas quando colocamos os relatos de João e Lucas juntos vemos o que Jesus bradou antes de morrer. Jo 19:30 E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito; Lc 23:46 Jesus bradou em alta voz: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". Tendo dito isso, expirou

Antes de morrer Jesus bradou com voz de triunfo que Sua obra havia sido perfeitamente cumprida! Tudo o que o homem necessitava para ser declarado justo diante do perfeito e santo Juiz foi concretizado na vida de Jesus! A obra da salvação foi consumada!

Jesus morreu com o brado de um Vitorioso em Seus lábios. Esse não é o gemido de um derrotado nem o suspiro de uma resignação paciente. É o reconhecimento triunfante de que Ele agora completou perfeitamente a obra que veio realizar.(Leon Morris, NICNT – The Gospel According to John, Eerdmans, pg 720)

Após declarar que tudo estava consumado o nosso Salvador bradou o Salmo 31 (31:5). Como o grande e vitorioso Rei que conquistou Seus inimigos, agora Jesus brada a certeza de que Ele pode voltar ao Seu trono celestial.

II – O BRADO DE DEUS (V.38)
38 E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo.

Logo após a morte de Jesus, no momento em que o Messias entrega o Seu espírito, Deus brada a vitória de Jesus através de uma ação majestosa: Ele rasga a cortina (o véu) do templo!

O VÉU DO TEMPLO:
Êxodo 26:31-33 nos dá o relato de como Deus instituiu esse véu. Essa cortina tinha por objetivo dividir o interior do Tabernáculo em dois aposentos: o Lugar Santo e o Santo dos Santos (ou Lugar Santíssimo). No Santo Lugar ficava o Candelabro, o Altar do Incenso e a Mesa com os Pães da Presença. O acesso era para os sacerdotes que podiam entrar todo dia naquele lugar. Mas no Santo dos Santos ficava a Arca da Aliança, que representava a presença de Deus no meio do Seu povo. O Santo dos Santos era separado por essa grande cortina, nela havia o simbolismo do cosmo (as cores e desenhos) e querubins foram desenhados nela. É importante lembrar que havia também querubins na Arca da Aliança, pois esses anjos eram guardiões da presença de Deus. No Éden, querubins foram colocados para proteger a entrada (Gn 3:24). O Sumo Sacerdote só podia entrar no Santo dos Santos uma única vez no ano – no Dia da Expiação (Lv 16:12-14) - e naquele dia ele entrava com sangue, simbolizando a remissão de pecados (ver Hebreus 9:1-10).

Tudo isso era para mostrar que: 1) O homem é pecador e o pecado separa o homem de Deus (Is 59:1-2); 2) Deus é santo e em Sua santidade Ele é quem estabelece o modo de aproximação para com Ele. Ninguém podia (e pode) se aproximar dEle senão pelo modo estabelecido por Ele (ver Uzias [lepra era símbolo do pecado] – II Cr 26:16-21); 3) Deus estava mostrando como tudo aquilo era ineficaz e servia apenas como preparação para a obra de Jesus.

 


É exatamente esse véu que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos que é rasgado na morte de Jesus!

Vejamos no rasgar do véu do santuário uma série de brados divinos. Ao rasgar o véu do templo, Deus estava proclamando verdades maravilhosas para o Seu povo.

1 - O BRADO DA ABOLIÇÃO DA ANTIGA CRIAÇÃO:
É importante notarmos que no véu que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos havia um simbolismo profundo, assim como o templo representava todo o cosmo, o véu também tinha esse simbolismo. G.K. Beale, em seu livro The Temple and the Church´s Mission,  mostra como os historiadores judeus Filo e Josefo relatam os detalhes do templo e do véu como um simbolismo do cosmo.

Diante destes batentes e com as mesmas dimensões (=55 côvados por 16), havia um véu pendente, em tecido babilônio de diversas cores, tecido de violeta, de linho fino, de escarlate e de púrpura, admiravelmente executado, não sem apresentar nesta harmonia de preparos uma vista profunda e como que uma imagem do Universo. Pelo escarlate, com efeito, oferecia uma alusão ao fogo; pelo linho fino, à terra; pelo violeta, ao ar; e pela púrpura, ao mar. Este tecido reproduzia na sua tapeçaria todo o espetáculo do céu. (Ver Josefo Antiq. 3.132, War 5.212 e Filo Quaest. Exod. 2.91)

O rasgar do véu é um modo do Senhor declarar que a antiga criação está sendo abolida! “Assim, o rasgar do véu indica uma realidade tanto religiosa como cósmica: a irrupção da destruição da antiga criação e a inauguração da nova criação, que permite o acesso à presença santa de Deus a todos os que creem de uma maneira nunca vista na antiga criação.(G.k. Beale, The Temple and the Church´s Mission – a biblical theology of the dwelling place of God, IVP, pg 190)

A morte de Jesus e o rasgar do véu apontam para uma nova ordem sendo estabelecida para a nova criação. Nessa nova ordem e criação o governo pertence ao Senhor dos senhores, Jesus!

O templo representava a antiga criação, a antiga ordem, mas na morte de Jesus aquele templo e toda sua representação da antiga criação foram abolidos. Um novo templo para uma nova criação! Uma nova forma de adorar e se aproximar de Deus nessa nova criação profetizada por Isaias!


Paulo entendeu isso na morte de Jesus, por isso ele fala várias vezes sobre os cristãos como uma nova criação: II Co 5:14-18 Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. 15 E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 16 De modo que, de agora em diante, a ninguém mais consideramos do ponto de vista humano. Ainda que antes tenhamos considerado a Cristo dessa forma, agora já não o consideramos assim. 17 Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! 18 Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação; Gl 6:14-15 Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo. 15 De nada vale ser circuncidado ou não. O que importa é ser uma nova criação.

O autor de Hebreus e João viram a mesma coisa:
Hb 9:9-10 Isso é uma ilustração para os nossos dias, indicando que as ofertas e os sacrifícios oferecidos não podiam dar ao adorador uma consciência perfeitamente limpa. 10 Eram apenas prescrições que tratavam de comida e bebida e de várias cerimônias de purificação com água; essas ordenanças exteriores foram impostas até o tempo da nova ordem; Ap 21:5 Aquele que estava assentado no trono disse: "Estou fazendo novas todas as coisas!" E acrescentou: "Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança".

Na morte de Jesus Cristo, Deus declarou a abolição da antiga criação! Hoje, todos que pela graça de Deus creem em Jesus como único Salvador e Senhor se tornam uma nova criação – a vida antiga, os pecados e tudo mais foram abolidos na morte de Jesus.

Se os cristãos são meramente como uma nova criação, eles podem escapar com a ideia de que eles realmente não precisam viver e pensar radicalmente como novas criaturas. Mas se os cristãos são verdadeiramente o início da nova criação do fim dos tempos, então eles devem agir da maneira como novas criaturas agem - vivendo para Cristo e visualizando toda realidade a partir da perspectiva da Sua palavra e não a partir do ponto de vista do mundo. Assim como uma borboleta não pode voltar ao seu casulo e agir como uma lagarta de novo, todos os que fazem parte do cumprimento inicial da nova criação profetizada em Jesus Cristo não podem retornar ao estilo de vida de um incrédulo. É nesse alicerce de que os cristãos são uma nova criação, que Paulo pode transmitir seus mandamentos para eles. Ou seja, os cristãos têm o poder para obedecer aos comandos em virtude da nova capacidade criacional inerente a eles.(G.K. Beale - http://crossquotes.com/2012/03/24/g-k-beale-new-creation-and-christian-living/)

Você tem vivido como uma nova criação? Você tem pensado como uma nova criatura?

O brado da abolição da antiga criação tem como consequência o brado da abolição da religião!

2 - O BRADO DA ABOLIÇÃO DA RELIGIÃO:
Há uma religião que é aceitável a Deus de acordo com Tiago (Tg 1:27), mas na antiga ordem a religião judaica [a antiga religião] apontava para uma realidade muito mais profunda que meros rituais de lavagens e sacrifícios de animais.

Ef 2:13-16 Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. 14 Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira (o véu?!), o muro de inimizade, 15 anulando/abolindo em seu corpo a lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem (uma nova criação), fazendo a paz, 16 e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade.

O termo ‘abolição da religião’ nesse estudo não tem o mesmo sentido que é usado por alguns movimentos ‘cristãos’ (ex. Igreja Emergente) e socialistas (Karl Marx – ‘A Abolição da Religião é a felicidade do Povo’ ou ‘Religião é o ópio do povo’). Não se trata do fim das igrejas cristãs, denominações e liturgias de cultos, mas da religião judaica e todas as outras religiões que tentam aproximação para com Deus sem a obra vicária de Jesus.

A revelação de Deus tinha como propósito final mostrar que os homens pecadores não podiam se aproximar do santo Deus... A religião do Antigo Testamento era um sistema elaborado que ensinava com eficácia que Deus mantinha distância dos pecadores. Apesar de Israel se alegrar na presença de Deus entre eles, aquela presença era paradoxalmente um lembrete da distância dEle. A vinda de Jesus aboliu essa distância.(Peter Bolt, The Cross from a Distance, IVP, pg 29)

O templo/tabernáculo era o grande símbolo da religião judaica, tanto que nos dias do profeta Jeremias o templo era idolatrado e usado como um amuleto de sorte (Jr 7:4). A cortina era parte essencial desse templo, portanto, quando Deus rasgou a cortina, Ele estava bradando o fim daquele templo e, consequentemente, daquela religião!

Jesus já havia proclamado que a religião judaica estava para ser cumprida e seus rituais abolidos! Mc 2:20-22 [em resposta a pergunta sobre o jejum] Mas virão dias quando o noivo lhes será tirado; e nesse tempo jejuarão. 21 "Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, pois o remendo forçará a roupa, tornando pior o rasgo. 22 E ninguém põe vinho novo em vasilhas de couro velhas; se o fizer, o vinho rebentará as vasilhas, e tanto o vinho quanto as vasilhas se estragarão. Pelo contrário, põe-se vinho novo em vasilhas de couro novas".

O ‘odre velho’ é o sistema religioso de Israel. O sangue de Jesus (o vinho) arrebentou com o odre velho. Um novo odre era necessário. Jesus mostra através dessa parábola que Ele não veio para trazer um remendo na religião judaica (e nenhuma outra religião). Jesus não veio ‘remendar’, nem ‘reparar’ o antigo sistema! O rasgar do véu aponta para o rasgar da roupa antiga – o sistema judaico! O antigo sistema estava para ser embrulhado como um pano velho e ser jogado fora. Deus demonstra isso ao rasgar o véu do templo, o pedaço de pano mais precioso para os judeus.

A vida e morte de Jesus nos trazem não uma nova religião, mas um novo modo de ver a vida. O chamado ao arrependimento, a negar as suas vontades, a ser crucificado para esse mundo, a morrer para esse mundo e seguir a Jesus é um chamado não para uma nova religião, mas para um estilo de vida.

Com a morte do Noivo as pessoas são convidadas para algo totalmente novo: uma vida de fé! A história da tempestade (Mc 4:35-41) mostra como a religião não salva nem livra ninguém do medo da morte, pois não purifica a consciência (Hb 9:14). Nem mesmo a religião criada por Deus!  

Fé é um novo modo de ver o mundo que leva a uma mudança radical de toda a vida. Religião, na pior das hipóteses (como o paganismo) é idolatria e na melhor das hipóteses (como o judaísmo) mantém Deus distante. Religião mantém Deus muito longe. Mas quando o noivo foi levado (morreu), uma nova transação foi feita. Religião foi abolida e fé estabelecida, pois, naquela cruz tão distante do nosso mundo presente, Deus se aproximou.(Peter Bolt, The Cross from a Distance, IVP, pg 47)

A religião da antiga ordem era totalmente voltada para a ação do homem – há vários imperativos em Levítico e Êxodo. Mas com Jesus há o brado, “Está Consumado!”. O rasgar do véu mostra exatamente isso – o fim da religião! Aquela religião limpava o exterior, mas Cristo limpa o interior (Hb 9:11-15). O brado de Deus de que a antiga religião havia sido abolida é resultado direto do brado de Jesus na cruz – ‘Está Consumado!’. Quão gratos devemos ser pela vida e morte de Jesus! O que religião nenhuma consegue ou conseguiu fazer, Ele fez!

Que grande ironia! As palavras dos que blasfemaram e acusaram Jesus falsamente são cumpridas. Ele destruiu o templo! E em três dias Ele começará a construção de um Novo Templo. Jesus é a pedra angular! Você faz parte desse novo templo. Como você tem cuidado e santificado esse templo?

3 - O BRADO DE PERDÃO:
Com o Brado da Abolição da Religião nós podemos ouvir no rasgo do véu o Brado de Perdão! O pecado é o que faz a separação entre o homem e Deus. O véu era um grande símbolo dessa barreira que impedia a aproximação do homem, portanto, quando Deus rasga o véu, Ele mostra que o homem foi perdoado e a distância retirada – a separação acabou!

De acordo com o livro de Hebreus e as cartas de Paulo, todo o sistema religioso de Israel tinha como objetivo mostrar quão pecador é o homem e quão carente do perdão de Deus (Gl 3:23-25 Antes que viesse esta fé, estávamos sob a custódia da lei, nela encerrados, até que a fé que haveria de vir fosse revelada. 24 Assim, a lei foi o nosso tutor até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. 25 Agora, porém, tendo chegado a fé, já não estamos mais sob o controle do tutor; Rm 3:20 Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei, pois é mediante a lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado). O perdão de Deus é baseado na condenação do pecado. Não se baseia em ignorar e esquecer o pecado, mas na condenação dele.

Na morte de Jesus o pecado – que faz a separação e serve como um véu que nos separa de Deus - foi condenado (Rm 8:3 Porque, aquilo que a lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela carne, Deus o fez, enviando seu próprio Filho, à semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado. E assim condenou o pecado na carne), por isso, a separação foi destruída e o homem pode se aproximar de Deus!

Esse rasgão do véu também significou a extirpação do pecado que nos separa de Deus. O pecado é, depois de tudo, o grande divisor entre Deus e o homem. Esse véu de azul e púrpura e linho torcido não podia realmente separar o homem de Deus: pois Ele não está longe de nenhum de nós, no tocante a Sua onipresença. O pecado é um muro de separação muito mais eficaz: abre um abismo entre o pecador e seu Juiz. O pecado bloqueia a oração, o louvor e toda forma de exercício religioso. O pecado faz com que Deus caminhe em sentido contrário a nós, porque caminhamos no sentido contrário a Ele. O pecado, ao separar a nossa alma de Deus, causa a morte espiritual, que é tanto o efeito como o castigo da transgressão. Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo? Como pode um Deus santo ter comunhão com criaturas ímpias? Morará a justiça com a injustiça? Habitará a perfeita pureza com as abominações do mal? Não, isso não pode ser. Nosso Senhor Jesus Cristo tirou o pecado mediante o sacrifício de Si mesmo. Ele tira o pecado do mundo e, por isso, esse véu se rasgou. Pelo derramamento de Seu sangue precioso, somos limpos de todo pecado e se cumpre essa superabundante graça que foi prometida: ‘Nunca mais me lembrarei de seus pecados e transgressões.’ Quando o pecado se vai, a barreira cai e o abismo insondável é preenchido.” (Spurgeon)

O rasgar do véu é a proclamação de que agora há verdadeiro perdão para os pecados! Por meio do sangue de Jesus o homem pode ser perdoado e reconciliado a Deus!

O que o homem mais precisa não é ser amado nem ter uma religião, mas ser perdoado! A maior carência do homem é o perdão dos pecados! Isso é providenciado na cruz e proclamado no rasgar do véu!

4 - O BRADO DE APROXIMAÇÃO:
Os brados da abolição da religião e de perdão implicam no brado de relacionamento! Deus brada através do véu rasgado que Ele agora anseia adoradores que se aproximem dEle com sinceridade de coração.

Ao rasgar o véu Deus proclama que Ele está próximo e é acessível a todos!

Moisés e aqui e ali algum outro homem eleito por Deus podiam se aproximar de dEle; mas quanto ao grosso das massas o mandamento era ‘não se aproximes.’ Quando o Senhor revelou Sua glória ao promulgar a Lei, lemos: ‘e vendo-o o povo, tremeram, e se colocaram de longe.’ Tudo isso acabou. O preceito de se manter afastado está anulado e o convite é: ‘Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados.’ ‘Aproximemo-nos’ é agora o espírito filial do Evangelho. Que agradecido estou por isso! Que alegria proporciona para minha alma! Alguns membros do povo de Deus não experimentaram isso ainda, já que eles adoram de longe... Para os crentes, o véu não está enrolado, mas rasgado. O véu não foi dependurado, dobrado cuidadosamente e retirado, para voltar a ser colocado em seu lugar no futuro. Oh, não! Mas a mão divina o tomou e o rasgou de alto abaixo. Não pode voltar a ser pendurado outra vez; isso é impossível. Entre os que estão em Cristo Jesus e o grandioso Deus, não haverá jamais outra separação. ‘Quem nos separará do amor de Cristo?’ Somente um véu foi fabricado e, como esse foi rasgado, o único e solitário separador foi destruído. Eu me deleito ao pensar nisso. O próprio diabo não poderá jamais me separar agora de Deus. Poderá tentar impedir que eu tenha acesso a Deus, e de fato o fará; porém, o que pode fazer é pendurar um véu rasgado. De que lhe serviria isso senão para mostrar sua impotência. Deus rasgou o véu e o diabo não pode remendá-lo. Há acesso entre um crente e seu Deus; e deve existir tal livre acesso para sempre, pois o véu não está dobrado, nem posto de lado para ser pendurado de novo em dias vindouros; está rasgado e já não serve para nada.” (Spurgeon)

Foi exatamente isso o que Jesus havia dito para a mulher samaritana em João 4. Chegaria o dia em que as pessoas adorariam nos mais diversos lugares, pois não haveria mais um único lugar e Deus buscaria os verdadeiros adoradores!

Hb 10:19-22 Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, 20 por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo [o corpo de Jesus é o véu que foi rasgado para nos unir a Jesus]. 21 Temos, pois, um grande sacerdote sobre a casa de Deus. 22 Sendo assim, aproximemo-nos de Deus [visto que o caminho foi aberto, o véu foi rasgado Deus nos convoca – imperativo – para aproximarmos dEle] com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água pura.

A OBRA DE DEUS:
Mc 15:38 E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo.

Quem rasgou o véu foi o próprio Deus. Isso foi feito de alto a baixo para mostrar que a obra é toda dEle. A obra da aproximação de um Deus santo e justo tem Sua origem no céu.
A tentativa do homem se aproximar de Deus por meio dos próprios esforços é um fracasso total. É Deus quem inicia e concretiza toda a obra da salvação!

Quão maravilhoso é esse brado de Deus no som do rasgo da cortina do templo!
O caminho foi totalmente aberto, mas a aproximação só se dá por meio do sangue de Jesus. Mesmo com o véu rasgado Deus mantém o Seu padrão de aproximação – agora é pela fé na obra de Jesus!

Não é porque o véu foi rasgado que a aproximação é feita por qualquer caminho – não queira se aproximar de Deus pelo caminho de Buda, Maomé, dos Papas, Kardec, Gandhi ou qualquer outro líder religioso. Só há um caminho que é Jesus (Jo 14:6 Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim).
Hb 10:19-22 Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, 20 por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo [o corpo de Jesus é o véu que foi rasgado para nos unir a Jesus]

O caminho foi aberto, o véu foi rasgado e aproximação a Deus deve ser diária. Não mais uma vez ao ano, mas todos os dias e horas do ano o cristão deve se aproximar de Deus! O tempo todo devemos estar nos aproximando de Deus! Hb 4:16 Assim sendo [tendo Jesus como sacerdote], aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade; 7:18-19 A ordenança anterior é revogada, porquanto era fraca e inútil ( pois a lei não havia aperfeiçoado coisa alguma ), sendo introduzida uma esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus, 25 Portanto ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles;10:22 [a explicação de tanto chamado aos cristãos para se aproximarem de Deus] 22 Sendo assim, aproximemo-nos de Deus.

Como uma nova criação em Jesus, perdoados e reconciliados com Deus, que nós possamos estar desfrutando dessa gigantesca benção que é o acesso a Deus todas as horas e em todos os lugares!

* Você tem desfrutado dessa benção? Ou tem se comportado como os judeus e só se aproxima do Santíssimo lugar uma vez no ano (quando tem dificuldade)?

Como que essa verdade do véu rasgado afeta o seu dia a dia?

** É triste ver tantas pessoas que se dizem cristãs – se dizem ser uma nova criação - mas continuam atrás do véu, longes do Trono de Misericórdia, se aproximando de TV, internet, atividades aqui e ali, mas nunca se aproximam de Deus com um coração sincero e convicção de fé!

Pai, obrigado pelo véu rasgado! Que como verdadeiros sacerdotes (Ap 1:6) possamos diariamente entrar no Santos dos Santos (na presença de Deus – quarto ou sala) e interceder por nós e pelas outras vidas!

III – O BRADO DO CENTURIÃO (V.39)
39 Quando o centurião que estava em frente de Jesus ouviu o seu brado e viu como ele morreu, disse: "Realmente este homem era o Filho de Deus!"

Aqui no versículo 39 temos a grande evidência de que o sistema religioso de Israel estava abolido, havia perdão por meio da fé e aproximação até para o pior dos pecadores. Um centurião gentio se torna parte do povo de Deus! Deus se aproximou do homem mais duro no Calvário!

O CENTURIÃO:
Nós não sabemos o nome desse homem (história da igreja diz que seu nome era Longinus/Longino/Longuinho), mas sabemos o que ele fazia. Como um centurião no Império Romano ele era responsável por 100 soldados (Gk. κεντυρίων).

Esse homem esteve presente durante todo o processo da crucificação de Jesus. Ele não só estava presente como era o responsável principal pela supervisão de todos os detalhes. O que tudo indica é que ele era o responsável pelo açoitamento de Jesus em Jerusalém (15:15-20). Ele supervisionou toda humilhação e sofrimento de Jesus antes e durante a crucificação. Esse centurião viu de maneira única como Jesus reagiu a todo sofrimento e humilhação. Esse centurião, provavelmente, já havia supervisionado muitas crucificações, sendo um homem duro, sem compaixão e calejado pelas experiências de crucificações. Mas aquela crucificação foi diferente. Algo jamais visto aconteceu naquela sexta feira!

O BRADO DE SALVAÇÃO:

v.39 “Quando o centurião que estava em frente de Jesus --- (Gk. ὁ παρεστηκὼς ἐξ ἐναντίας αὐτοῦ) – Ele estava de pé em ‘oposição’ (enantios -- muitas vezes usada com o sentido de adversário, oposição) a Jesus. A imagem é do centurião como um inimigo do homem crucificado.

“[ouviu o seu brado e] viu como ele morreu, disse:” --- Alguns manuscritos só colocam: [ἰδὼν... ὅτι οὕτως ἐξέπνευσεν] ‘tendo visto como ele morreu (entregou seu espírito)’. Isso implica no processo todo da morte de Jesus. Esse centurião viu pessoalmente e tão próximo quanto nenhuma outra pessoa como Jesus havia morrido.

Ele já havia visto muitos morrerem crucificados. Mas o que esse homem que era tão duro quanto a madeira da cruz, tão frio quanto a noite do inverno disse ao ver Jesus morto?

A maioria via Jesus como um louco, alguém com deficiência mental, enquanto outros O viam como um endemoninhado.  O que esse homem sem compaixão, que era um inimigo de Deus, viu naquele momento?

v.39Quando o centurião que estava em frente de Jesus ouviu o seu brado e viu como ele morreu, disse: ‘Realmente este homem era o Filho de Deus!’

O brado desse centurião é o Monte Evereste do Evangelho de Marcos!

“REALMENTE/VERDADEIRAMENTE” --- (GK. ἀληθῶς) A palavra implica em algo genuíno, algo que foi provado pelos fatos e se revela genuíno. O que ele fala não é algo superficial ou levado pela emoção do momento, mas algo que a sua mente tem como uma convicção genuína.

“ESTE HOMEM” --- Ele não nega a humanidade de Jesus. Ele havia tocado no corpo e visto o sangue e sofrimento de Jesus. Ele não nega que Jesus era um homem.

Mas esse homem crucificado é muito mais que só um homem. Esse Galileu de Nazaré é muito mais que o filho de um carpinteiro e um rabino mal interpretado.

ESTE HOMEM ERA O FILHO DE DEUS!” --- Até agora no Evangelho de Marcos nenhuma pessoa havia feito tal declaração sobre Jesus!

O cabeçalho do livro (1:1) nos informava dessa verdade. No batismo de Jesus, Deus proclamou isso (1:11). No Monte da Transfiguração Deus havia repetido que Jesus era Seu Filho amado (9:7). Os demônios haviam bradado tal verdade (3:11;5:7). Jesus já havia confirmado isso (12:6;14;61-62). O céu e o inferno haviam proclamado que Jesus era o Filho de Deus, mas agora um centurião proclama o que nenhum homem havia feito com fé e entendimento até então no Evangelho de Marcos.

O que os líderes de Israel negaram e alegaram como blasfêmia esse soldado gentio proclama aqui como uma verdade aprovada pela situação, pela prova mais difícil que alguém poderia passar: a crucificação!

Interessante que o centurião não declara que Jesus é o Filho de Deus depois de vê-Lo ressuscitar um morto ou acalmar a tempestade, mas após vê-Lo morrer!

Alguns comentaristas (como João Calvino, R. T. France, Alfred Nevin e Leon Morris) negam que esse centurião tenha sido convertido, mas negar a conversão desse homem é forçar algo no texto que está muito claro.

A expressão ‘Filho de Deus’ (latim, Filius Dei ou divi filius) era usada em especial para César. Júlio César foi divinizado após a sua morte. Augusto (o filho adotivo) passou a usar o título para si mesmo e, consequentemente, outros imperadores passaram a ser chamados ‘filho de deus’.

O centurião – um homem que havia prometido fidelidade por toda a vida para com César, o ‘filho de deus’ – transfere o título mais importante que o imperador podia receber para um Galileu crucificado.

Quando o centurião proclamou, ‘verdadeiramente, este homem era o filho de Deus’, isso de fato foi uma proclamação notável. Ele estava tomando um título de reverência e exaltação que pertencia apenas a César Augusto e usando-o para com um crucificado que havia acabado de expirar seu último ar ali em sua frente. Ele só podia estar dizendo, ‘Esse homem, não o César, é o Filho de Deus!’ – esse crucificado.(Peter Bolt, The Cross from a Distance, IVP, pg 138)

Os sinais da verdadeira conversão:
Jesus já havia declarado que, uma vez que Ele fosse levantado, Ele atrairia pessoas de todos os lugares (Jo 12:32 Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim). Um peregrino de Cirene (Simão) já havia sido arrastado para a cruz. Um dos criminosos, que era um judeu, já havia sido atraído e resgatado, mas agora é a vez de um centurião gentio.

Esse homem é o primeiro convertido após a morte de Jesus! Simão foi convertido no caminho para a crucificação e o ladrão enquanto Jesus estava vivo na cruz, mas esse centurião é o primeiro após a morte!

Vejamos os sinais de conversão:
1 - ‘TEMOR’Mt 27:54 Quando o centurião e os que com ele vigiavam Jesus viram o terremoto e tudo o que havia acontecido, ficaram aterrorizados (cheios de temor) e exclamaram: "Verdadeiramente este era o Filho de Deus!"--- Mateus nos diz que esse homem ficou aterrorizado (Gk. ἐφοβήθησαν σφόδρα – extremamente temeroso, tomado de temor).

Temor pelo Senhor é a primeira demonstração de conversão genuína (Pv 9:10 O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; At 9:31 A igreja passava por um período de paz em toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Ela se edificava e, encorajada pelo Espírito Santo, crescia em número, vivendo no temor do Senhor; II Co 7:1 Amados, visto que temos essas promessas, purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus; Fp 2:12 Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas em minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor).

Esse homem foi tomado por um santo temor de quem estava a sua frente. Assim como os discípulos temeram grandemente quando eles viram quem era Jesus naquela tempestade (4:41), agora esse centurião treme diante do santo Deus crucificado!

** Uma pessoa que é convertida teme a Deus! O temor é um sinal de humildade, de reverência e dependência desse Deus que é Santo! Pv 8:13 Temer ao Senhor é odiar o mal; odeio o orgulho e a arrogância, o mau comportamento e o falar perverso; 16:6 Pela misericórdia e verdade a iniqüidade é perdoada, e pelo temor do SENHOR os homens se desviam do pecado.

*** Muitas pessoas hoje se declaram cristãs, mas na verdade elas não têm temor algum por Deus! As igrejas estão lotadas de falsos convertidos que não temem a Deus! Se você não tem temor e reverência por Deus, então é hora de examinar a sua fé!

O véu foi rasgado, o caminho aberto e a aproximação de Deus se tornou possível e acessível, mas todos que se aproximam de Deus devem se aproximar com um santo temor e tremor! Na Bíblia todas as pessoas que tiveram um encontro com a presença de Deus caíram de temor e reverência. Com esse centurião não é diferente!

2 - ‘LOUVOU/GLORIFICOU A DEUS’ - Lc 23:47 O centurião, vendo o que havia acontecido, louvou/glorificou a Deus, dizendo: "Certamente este homem era justo" --- Louvor e glórias fluem de um coração que teme a Deus! Sl 118:4 Os que temem o Senhor digam: "O seu amor dura para sempre!"

O louvor flui de um entendimento de que Jesus é o único justo! Os olhos desse homem foram abertos como o do ladrão na cruz. Eles viram a santidade e a justiça de Cristo! O louvor verdadeiro deve fluir de um entendimento da justiça de Cristo e da nossa própria injustiça.

Através da sua declaração, o centurião, mesmo que sem saber, afirma que Jesus é o Messias previsto na pessoa do Justo e Servo Sofredor! Is 53:11 Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniqüidade deles.

3 – Ele professou com Seus lábios --- Rm 10:9-10 Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo [Paulo no contexto dessa passagem já afirmou que a salvação é obra exclusiva de Deus]. 10 Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação.

A profissão/confissão (ex. batismo) é de extrema importância para a demonstração da fé genuína!

RESULTADO DA ORAÇÃO DE JESUS?
Será que o centurião foi mais esperto que os outros? Será que ele podia se vangloriar na obra dele de ter crido? Lucas nos diz que Jesus orou por alguns dos pecadores que estavam ali no Calvário – Lc 23:34 Jesus disse: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo". Então eles dividiram as roupas dele, tirando sortes. Ele ora pelos Seus (Jo 17:20 Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim) e os Seus são resgatados (um criminoso e um centurião)!

Que o Senhor Jesus tenha intercedido por você!

Toda conversão deve ter arrependimento, temor, compreensão da justiça de Jesus e da nossa injustiça e entendimento de quem Jesus é. Deus rasgou o véu e se aproximou do homem pecador. Que belo exemplo na vida desse centurião!

Jesus morreu como nenhum outro homem! Para esse centurião tudo passou a fazer sentido após ele ver como Jesus morreu. Foi como se seus olhos tivessem sido abertos e, de repente, todas aquelas horas (das 6 da manhã até às 3h da tarde) fizeram sentido.

Esse centurião passou a ver as coisas através de uma nova lente. Os olhos dele foram abertos e ele passou a entender os detalhes da crucificação. De repente, ele viu Jesus orando pelos Seus inimigos com outros olhos, ele viu Jesus perdoando um criminoso, entregando Sua mãe aos cuidados de um de Seus seguidores, orando em paz e confiança e inclinado a cabeça naquela cruz através de um ângulo totalmente diferente.

Assim como com Saulo, como com o ladrão na cruz e todos nós que um dia erámos inimigos de Deus, esse centurião recebeu misericórdia! Assim como esse centurião, todos nós estávamos distantes de Deus, erámos por natureza filhos da ira e inimigos da cruz, mas pelo sangue de Jesus derramado naquela cruz, nós que estávamos longes e em inimizade fomos reconciliados pela morte desse maravilhoso Salvador! O véu foi rasgado e Deus se aproximou!

Ef 2:11-14 Portanto, lembrem-se de que anteriormente vocês eram gentios por nascimento e chamados incircuncisão pelos que se chamam circuncisão, feita no corpo por mãos humanas, e que 12 naquela época vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. 13 Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. 14 Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira [o véu foi destruído nos unindo a Ele], o muro de inimizade

Esse é o triunfo da cruz!

Imagine esse homem voltando para a casa naquele dia, ou voltado para o Pretório e pensando: ‘Eu coloquei nEle uma coroa de espinhos, um manto sujo, um ‘cetro’ e ofereci vinho na intenção de zombar e humilhar esse homem. A placa que eu preguei sobre a Sua cabeça foi com a intenção de gerar mais escárnio. Mas para alguém se comportar com tanto amor (orando e proclamando perdão enquanto crucificado) e morrer como um herói em paz e confiança, é necessário que Ele seja realmente o Filho de Deus. Esse homem é um Imperador Celestial! Ele é o homem mais Justo que eu já vi. Preciso encontrar os seus seguidores, pois tenho muitas dúvidas!’

Que maravilhoso brado foi esse o desse centurião! Que todos aqui confessem o que esse homem confessou!

CONCLUSÃO:

Em Marcos 1:10, logo após o batismo de Jesus (que apontava para a Sua imersão em sofrimentos – 10:38), os céus ‘rasgaram’ (Gk.  σχίζω) e Deus bradou, ‘Tu és meu filho amado’. Aquele era o começo do ministério de Jesus. Aqui na cruz, quando tudo foi consumado e o véu do templo foi ‘rasgado’ (Gk.  σχίζω) por Deus, o centurião bradou, ‘Esse era o Filho de Deus’!

A declaração de Deus foi ouvida! A vontade dEle foi feita na terra como nos céus. O brado de Deus é ecoado por toda a terra! Que possamos como esse centurião bradar e proclamar a todos que, ‘verdadeiramente, Jesus é o Filho de Deus!’ – o Deus salvador que se encarnou e não salvação por meio de nenhum outro nome!

A obra foi consumada, o véu rasgado e o caminho aberto!

Um ladrão pode entrar em uma casa, porem não entra com liberdade; sempre tem medo de ser surpreendido. Vocês poderiam entrar na casa de um estranho, sem serem convidados, mas não sentiriam nenhuma liberdade ai. Nós não entramos no Santo dos Santos como ladrões que violam uma casa, nem como estranhos; viemos obedecendo a um chamado, para cumprir um ofício. Uma vez que aceitamos o sacrifício de Cristo, estamos em casa com Deus. Onde um filho será livre, senão na casa de seu pai? Onde o sacerdote estará senão no templo de seu Deus, para cujo serviço foi apartado? Onde viverá o pecador lavado com o sangue, a não ser com seu Deus, com Quem foi reconciliado?” (Spurgeon)

Hb 10:19-22 Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, 20 por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo [o corpo de Jesus é o véu que foi rasgado para nos unir a Jesus]

Como ir embora da mesma forma que entramos aqui? Como sermos ingratos diante de tantas bênçãos? Como viver na mediocridade da vida cristã após ouvir dos benefícios da morte de Jesus? Como podemos nos aproximar tão fácil e alegremente da TV, Facebook, filmes e diversão, quando o preço para nos aproximarmos de Deus foi tão caro?

Obrigado Senhor!

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