sábado, 4 de agosto de 2012

Marcos 15:24-28 - Jesus Pendurado na Cruz: A Soberania de Deus no Calvário

Série de Sermões em Marcos
Passagem: Marcos 15:24-28
Título: Jesus Pendurado na Cruz: A Soberania de Deus no Calvário
Pregado na manhã de Domingo, do dia 29 de julho de 2012,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Gustavo Barros

Versão em vídeo

Marcos 15:24-28 22 Levaram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira. 23 Então lhe deram vinho misturado com mirra, mas ele não o bebeu. 24 E o crucificaram. Dividindo as roupas dele, tiraram sortes para saber com o que cada um iria ficar. 25 Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. 26 E assim estava escrito na acusação contra ele: O REI DOS JUDEUS. 27 Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda, 28 e cumpriu-se a Escritura que diz: "Ele foi contado entre os transgressores".

Introdução:

Por volta de 1906, o ‘teólogo’, médico e músico alemão Albert Schweitzer começou um estudo chamado ‘A Busca do Jesus Histórico’ (The Quest for the Historical Jesus). Albert achava que o Jesus que viveu na Galiléia era muito diferente dAquele relatado nos Evangelhos. Para ele, a morte de Jesus foi um acidente histórico [Teoria do Acidente]. Jesus foi preso pelas suas próprias pregações e emoções e ficou esperando que Deus viesse intervir a seu favor, mas isso não ocorreu. Por isso, a morte de Jesus foi um acidente terrível na interpretação de Albert Schweitzer.

A morte de Jesus nunca foi surpresa alguma, pois Ele sempre soube que foi para isso que Ele veio. Uma das primeiras parábolas contadas por Jesus fazia uma referencia exatamente à Sua morte (Mc 2:19-20). Em Lucas 2:35, Simeão profetizou que Jesus viria para salvar e sofrer. A morte de Jesus nunca foi uma surpresa, nunca foi desavisada – pelo contrário, Jesus avisou várias vezes que Ele sofreria muito e morreria na cruz (8:31; 9:12, 31;10:32-34, 38, 45; 12:1-11; 13:14; 14:8, 18-24, 27-28). A morte de Jesus foi perfeitamente planejada e preparada por Deus! A pior de todas as mortes foi soberanamente planejada e executada por Deus! Todos os detalhes que levaram Jesus à cruz e todos detalhes durante a crucificação nos mostram as glórias de Deus em cumprir tudo o que Ele havia dito.

Eles foram todos planejados, aconselhados, e determinados por toda a eternidade; a cruz foi prevista em todas as provisões da eterna Trindade para a salvação dos pecadores. Nos propósitos de Deus, a cruz foi estabelecida desde o inicio. Não houve uma palpitação de dor, nem uma preciosa gota de sangue vertida por Jesus, que não tenha sido preestabelecida há muito tempo. A infinita sabedoria estabeleceu que a libertação deveria ocorrer pela cruz, a infinita sabedoria trouxe Jesus à cruz no tempo devido. Ele foi crucificado pelo plano e pela previsão de Deus.(http://www.projetospurgeon.com.br/wp-content/uploads/2012/03/Calv%C3%A1rio-e-Cruz-Ryle.pdf)

A morte de Jesus não foi um acidente! Ap 13:8 Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo.

O Antigo Testamento profetizou e apontou para esse tão importante dia na história da Redenção. Lc 24:25-27 25 Ele lhes disse: "Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram! 26 Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória?" 27 E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras.
Não só a morte, mas até mesmo a crucificação de Jesus foi profetizada já no Antigo Testamento: Sl 22:16 [mais de mil anos antes de Jesus] Cães me rodearam! Um bando de homens maus me cercou! Perfuraram minhas mãos e meus pés; Is 53:5 [700 anos antes de Jesus] Mas ele foi transpassado/perfurado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; Zc 12:10 [400 anos antes de Jesus] Olharão para mim, aquele a quem traspassaram/perfuraram, e chorarão por ele como quem chora a perda de um filho único, e lamentarão amargamente por ele como quem lamenta a perda do filho mais velho.

É no Gólgota aonde todas as histórias do Antigo Testamento se cruzam!

Contextualização:
Hoje, continuaremos a caminhar pelo Calvário. Que possamos ver a glória de Deus em cada detalhe da morte do Filho amado. Que nossos olhos se encham de lágrimas e nossas bocas de risos pela forma como Deus executa o plano da salvação.

Divisão do Estudo:
I – A SOBERANIA SOBRE AS ROUPAS NA CRUCIFICAÇÃO (V.24)
II – A SOBERANIA NA HORA DA CRUCIFICAÇÃO (V.25)
III – A SOBERANIA NA ACUSAÇÃO (V.26)
IV – A SOBERANIA NA SALVAÇÃO (V.27-28)

Breve revisão de Marcos 15:22-24ª:
I – O LOCAL (V.22) - 22 Levaram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira.
Como um bandido, como um animal, Jesus foi levado ao matadouro. O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, Jesus, foi levado pela vontade e agrado do Pai para o mais temível, terrível e maravilhoso matadouro – o Calvário!

GÓLGOTA --- essa é a transliteração da palavra aramaica Gûlgaltâ (hebraico gulgolet) que significa ‘crânio’ [ou caveira] (Gk. κρανίον). A palavra em latim é Calvaria. Todas essas palavras significam crânio, ou caveira. Esse era um lugar de morte! Nesse local os corpos eram crucificados. Gólgota ficava fora da cidade, assim como o lixão – Vale de Ben Hinom. A pessoa era crucificada fora da cidade, pois ela era considerada impura, considerada maldita e não era digna de estar dentro da cidade. É nesse lugar de repugnância, rejeição, maldição e impureza que o nosso Salvador foi crucificado.

II – A OFERTA (V.23) - 23 Então lhe deram vinho misturado com mirra, mas ele não o bebeu.
Ao chegar no ‘templo do triunfo’, ao chegar no ‘palácio da vitória’, os soldados ofereceram a Jesus vinho com mirra e fel (Mt 27:34), talvez na esperança de acelerar a morte (se fosse uma bebida venenosa devido ao fel) ou anestesiar as dores para que o processo da crucificação fosse mais fácil [pregar, perfurar e colocar na cruz] e mais lento.

O nosso bravo e forte Senhor rejeita tudo que for acelerar ou aliviar Seus sofrimentos. Ele sofrerá todas as dores das nossas injustiças consciente do que está acontecendo.

O Filho de Deus só continuará a beber do cálice do vinho da ira do Pai. Ele sabe que precisa sofrer muitas coisas para entrar na glória, portanto Jesus não alivia nenhum dos Seus sofrimentos!

III – A CRUCIFICAÇÃO (V.24) - 24 E o crucificaram.
Os relatos são curtos e diretos. Não há detalhes sobre o processo da crucificação. Os evangelistas não descrevem como era feita e o que envolvia a crucificação. Marcos usa apenas 3 palavras. Por que ele não descreve com mais detalhes?

Dois motivos:
1 – A audiência original de Marcos, só de ouvir a palavra crucificação, já tinha as imagens, o cheiro e a atrocidade do evento em sua mente. Não era necessário descrever os detalhes.
Marcos não precisa descrever a crucificação para os seus leitores, pois eles eram familiarizados com tal ação.(Zondervan Illustrated Bible Backgrounds Commentary, Zondervan, Vol I, pg 299). “O mundo do primeiro século sabia que a crucificação era uma maneira horrível de morrer. Era tão horrenda que repelia as pessoas até mesmo de falar sobre a crucificação. Isso é frequentemente ilustrado através das palavras famosas de Cícero durante o julgamento de C. Rabirius em 63 a.C., ‘que a própria palavra ‘cruz’ seja removida para bem longe não só de um cidadão romano, mas também de seus pensamentos, olhos e ouvidos.’(Peter Bolt, The Cross from a Distance, IVP, pg 116)

Talvez, por ser algo tão comum naqueles dias, Marcos não visse a necessidade de descrever os detalhes.

2 – O segundo motivo para não haver os detalhes que envolviam a crucificação pode se dar pelo fato dos autores estarem mais interessados nos eventos ao redor da crucificação e no que ela promoveu.

Então contemplaremos os outros detalhes narrados pelo evangelista. Detalhes que nos levam a nos prostrarmos perante um Deus tão majestoso e perfeito em Seus planos.

I – A SOBERANIA SOBRE AS ROUPAS NA CRUCIFICAÇÃO (V.24)
24 E o crucificaram. Dividindo as roupas dele, tiraram sortes para saber com o que cada um iria ficar.

Que possamos ver três coisas nesse relato sobre as roupas de Jesus:

1 – A HUMILHAÇÃO E O SOFRIMENTO DE CRISTO:
Era permitido que os soldados ficassem com que restava da vítima. Os quatro soldados que cuidavam do crucificado tinham o direito de ficar com as roupas dos crucificados.

As roupas que Jesus tinha naquele momento eram: um pano para cobrir a cabeça, sandálias, uma túnica interna e um manto.

Os soldados tiram o Seu último sinal externo de dignidade e proteção contra moscas e elementos que torturam o Seu corpo moído. (Zondervan Illustrated Bible Backgrounds Commentary, Zondervan, Vol I, pg 179)

Todo tipo de proteção física contra o frio, sol e insetos é retirada. A humilhação se agrava, pois a pessoa crucificada ficava nua perante todos que passavam pelas estradas.

2 – A FRIEZA E DUREZA DOS CORAÇÕES DOS SOLDADOS:
Que triste cena! Enquanto Jesus está sendo crucificado, esses homens estão preocupados e focados com o que eles terão de Jesus. Eles estão crucificando o Rei da Glória, pregando os punhos de um homem totalmente justo e bom, mas a preocupação deles está no que eles obterão desse crucificado.

O gigante contraste: Enquanto Aquele que está sendo crucificado tem Seu coração queimando de amor pelos perdidos, a frieza do coração do homem é demonstrada nesses soldados. Os corações deles são tão duros quanto a madeira da cruz, os pregos e o martelo usados. Eles estão vendo o Evangelho da Cruz ser pregado diante de seus próprios olhos, mas eles não dão a mínima para isso.

Assim era cada um nós antes do Senhor nos regenerar. Todos nós um dia ouvimos o Evangelho, fomos à igreja e ignoramos, rejeitamos e rimos da cruz. Ainda hoje alguns que se chamam ‘cristãos’ estão tão frios e duros como esses soldados. Têm ouvido a pregação de Jesus Cristo crucificado, mas a mente e o coração estão longe do Calvário. Assim como esses soldados, essas pessoas estão preocupadas com o que elas vão tirar de Jesus, com quais bens elas terão desse Jesus. Os corações estão duros de tal forma que essas pessoas escutam e leem o Evangelho de Cristo, mas só conseguem ver o que elas receberão [O que essa igreja me dará? O que esse pastor me proporcionará? O que essas pessoas me darão? Como esse Jesus vai melhorar meu casamento, minha saúde e minha situação financeira?]
Ah, se você é um desses, que o Senhor tenha misericórdia da sua vida!

3 – A SOBERANIA DE DEUS:
Marcos 15:20 tem um relato muito importante, lá vemos que os soldados colocaram as vestes novamente em Jesus. Era costume da época que o homem condenado carregasse a cruz sem as vestes, mas, por ser Páscoa, Pilatos procura não gerar mais confusão e ordena que Jesus vá vestido. Eles não tinham a menor ideia que, ao colocarem as roupas de novo em Jesus, eles estavam prestes a cumprir uma profecia.

Jo 19:23-24 Tendo crucificado Jesus, os soldados tomaram as roupas dele e as dividiram em quatro partes, uma para cada um deles, restando a túnica. Esta, porém, era sem costura, tecida numa única peça, de alto a baixo. 24 "Não a rasguemos", disseram uns aos outros. "Vamos decidir por sorteio quem ficará com ela." Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura que diz: "Dividiram as minhas roupas entre si, e tiraram sortes pelas minhas vestes". Foi o que os soldados fizeram.

Qual a Escritura que é cumprida nesse exato momento?
Salmo 22:8 Dividiram as minhas roupas entre si, e tiraram sortes pelas minhas vestes.
O Salmo 22 retrata o clamor angustiante de Davi, o sofredor piedoso que é vítima de ataques injustos. Davi, inspirado pelo Espírito Santo (Mc 12:36), falou dos seus sofrimentos de modo que apontava para alguém maior do que ele e que sofreria de forma mais terrível e injusta.

É na cruz que Jesus cita verbalmente a primeira parte do Salmo 22 (talvez ele todo), “Isso indica a identificação próxima de Jesus como sofredor justo descrito no Salmo 22.” (Beale and Carson, Commentary of the New Testament Use of the Old Testament, Baker, pg 501).
Jesus se mostra ser o Sofredor Justo do Salmo 22 de Davi.
Esse é o Salmo mais citado durante toda a crucificação do nosso Senhor Jesus. Spurgeon disse: “Este é, acima de todos os outros, O SALMO DA CRUZ!

Mateus faz um bom paralelo de como o Salmo 22 se cumpri em Jesus:
Sl 22:18 = Mt 27:35; Sl 22:7 = Mt 27:39 ; Sl 22:8 = Mt 27:43 ; Sl 22:1 = Mt 27:46

O Salmo 110 é o salmo da ascensão e entronização de Jesus, enquanto o Salmo 22 fala da crucificação do nosso Senhor!

Mil anos antes da crucificação, Deus, por meio de Davi, havia falado que o Sofredor Justo teria suas roupas divididas entre seus inimigos e agora o Senhor cumpriu essa profecia na crucificação de Jesus.

Isso nos mostra a fidelidade da Palavra de Deus e como o Senhor orquestra tudo de forma tão perfeita para que tudo ocorra como planejado! Lc 24:44 E disse-lhes: "Foi isso que eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos"

Contrário à opinião popular, o propósito da profecia não é entreter e excitar as massas com alguma nova teoria ou fantasia sobre o fim dos tempos, mas sim para estimular a nossa fé em Cristo e nos estimular a um serviço mais fervoroso ao Senhor e ao Seu reino.(http://www.reformedonline.com/view/reformedonline/13%20The%20Crucifixion%20of%20Jesus%20Christ.htm)
Que a majestade e a glória da perfeita soberania de Deus em cumprir tudo perfeitamente nos leve a um temor, amor e agradecimento maior para com o nosso Senhor!

O nosso amado Salvador está coberto de sangue, poeira, talvez insetos, seus braços perfurados na madeira, uma coroa de espinhos sobre a Sua cabeça e agora despido de toda vestimenta. Lá, naquele madeiro, estava o Filho de Deus, Lhe foi tirada a glória, as roupas, a honra, os discípulos, a dignidade e logo a própria vida!

A nudez se tornou algo vergonhoso na queda de Adão, assim Jesus recebe em Seu corpo toda condenação que veio na queda do homem – a perda da inocência (Gn 3:7). Adão tentou esconder sua nudez e vergonha. Gênesis 3:21 diz que Deus fez roupas para Adão e Eva, mas aqui o Filho obediente é largado nu. As roupas dadas por Deus a Adão e Eva apontavam para as vestes que Jesus concederia ao Seu povo, mas para isso era necessário que Ele fosse despido de tudo!

E por que aconteceu tal coisa? A fim de que nós, que não temos justiça própria, fôssemos vestidos da perfeita justiça que Cristo preparou para nós, para que não tenhamos de comparecer nus diante de Deus no último dia.(J.C. Ryle, Meditações no Evangelho de Marcos, Fiel, pg 203)

As Suas roupas Lhe são tiradas para que elas sejam dadas aos Seus discípulos. As vestes de justiça de Jesus são tiradas de Seu santo e justo corpo para serem passadas para um povo sujo e iníquo! Ap 3:5 O vencedor será igualmente vestido de branco. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida, mas o reconhecerei diante do meu Pai e dos seus anjos; 4:4 E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobre suas cabeças coroas de ouro.

II – A SOBERANIA NA HORA DA CRUCIFICAÇÃO (V.25)
25 Eram nove horas da manhã quando o crucificaram (NVI) --- E era a hora terceira, e o crucificaram (ACF)

Aqui temos o relato da hora em que Jesus foi crucificado para nos mostrar a soberania do Pai sobre os minutos e segundos da morte do Seu Filho amado!

Muitos comentários focam na diferença do horário narrado por João (19:14 E era a preparação da páscoa, e quase à hora sexta [por volta do meio-dia de acordo com o sistema hebraico]; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso Rei). Mas se lembrarmos que existiam dois tipos de marcação de tempo naqueles dias (um hebraico e outro romano), e que os eventos de Marcos 15:25 e João 19:14 são diferentes todas as aparentes discrepâncias caem por terra.

João estava seguindo sistema numérico oficial do dia civil romano.” (Gleason Archer, Encyclopedia of Bible Difficulties, Zondervan, pg 364) O sistema civil romano começava a numerar as horas logo após a meia-noite [como é o nosso sistema]. O relato em João 19 mostra que Pilatos entregou Jesus para ser crucificado bem cedo, algum horário perto da 6h da manhã. Visto que eles não tinham relógios, qualquer horário entre 6 e 8 estaria dentro dos padrões.

Que longo dia foi essa sexta-feira de Páscoa! Após a última ceia, Jesus e Seus discípulos foram para o Getsêmani (por volta das 11 da noite), de lá Jesus foi levado para uma rápida audiência perante Anás. Depois de Anás, Jesus foi levado para Caifás. No começo da manhã, por volta das 6h (15:1), Jesus foi interrogado pelo Sinédrio e levado para Pilatos. Pilatos enviou Jesus para uma breve audiência perante Herodes, que enviou nosso Senhor de volta para Pilatos. Sob os cuidados de Pilatos, Jesus foi condenado à crucificação, açoitado e espancado pelos soldados (15:16-20). Por volta das 8h30, Jesus caminhou para o lugar da crucificação – Gólgota, onde foi crucificado por volta das 9h da manhã. A crucificação foi durante o período das 9-12h. Ao meio-dia, houve trevas e a morte ocorreu por volta das 15h, quando os cordeiros eram sacrificados.
Se João usou o modo romano de computar as horas, a hora sexta seria seis da manhã e se encaixaria perfeitamente no contexto geral.

O nosso foco deve estar no fato de que Deus tinha tudo sob Sua soberania.
O Cordeiro será morto às 15h, na hora em que os cordeiros eram sacrificados no templo. Cada minuto e cada segundo de sofrimento estavam nas mãos de Deus! Ec 3:1 Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu, 11 Ele fez tudo apropriado a seu tempo.

Rm 5:6 De fato, no devido tempo, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios.

O Senhor está no controle de cada detalhe! Assim também Ele cuida de cada detalhe em nossas vidas e tem cada hora e minuto em Suas mãos (Mt 6:27)!

III – A SOBERANIA NA ACUSAÇÃO (V.26)
26 E assim estava escrito na acusação contra ele: O REI DOS JUDEUS.

Os condenados caminhavam pelas ruas com uma placa amarrada ao pescoço que dizia o crime cometido. Geralmente o titulus era um pedaço de madeira no qual o crime era escrito em vermelho ou preto. Jesus não só usou essa placa na caminhada, mas também teve ela pregada sobre a Sua cabeça.

Mt 27:37 Por cima de sua cabeça colocaram por escrito a acusação feita contra ele: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS; Jo 19:19 Pilatos mandou preparar uma placa e pregá-la na cruz, com a seguinte inscrição: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS v.20 e a placa estava escrita em aramaico, latim e grego; Lc 23:38 E também por cima dele, estava um título, escrito em letras gregas, romanas, e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS (ACF).

A ACUSAÇÃO:
Visto que Pilatos não condenaria Jesus por se declarar o Messias, pois os romanos não aceitavam a acusação de blasfêmia como interpretada pelos judeus, os líderes religiosos de Israel acusam Jesus de se declarar um rei: Lc 23:1-2 1 Então toda a assembleia levantou-se e o levou a Pilatos. 2 E começaram a acusá-lo, dizendo: "Encontramos este homem subvertendo a nossa nação. Ele proíbe o pagamento de imposto a César e se declara ele próprio o Cristo, um rei". Foi com base nessa acusação, de ser um rei, que Pilatos interrogou e condenou Jesus (15:2). Portanto, é com base nessa acusação que ele escreve a condenação de Jesus na placa.

ESTE É JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS
Para aqueles homens, isso era apenas uma forma de zombar de Jesus, mas para o Grande Diretor de toda essa trama, essa era a verdadeira proclamação! Na mente deles, isso era uma grande piada, pois como poderia esse Jesus de Nazaré, na pior de todas as humilhações, ser o rei dos judeus? Um rei jamais viria de Nazaré e jamais seria crucificado!

Muitos líderes de Israel não gostaram do que foi escrito na placa: Jo 19:19-22 Pilatos mandou preparar uma placa e pregá-la na cruz, com a seguinte inscrição: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. 20 Muitos dos judeus leram a placa, pois o lugar em que Jesus foi crucificado ficava próximo da cidade, e a placa estava escrita em aramaico, latim e grego. 21 Os chefes dos sacerdotes dos judeus protestaram junto a Pilatos: "Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim que esse homem se dizia rei dos judeus". 22 Pilatos respondeu: "O que escrevi, escrevi".

Pilatos sabia que Jesus estava sendo injustiçado pelos judeus, ele já tinha um relacionamento não muito agradável com a nação de Israel e aqui ele aproveita para irritá-los. O governante romano sabia que tal descrição seria extremamente provocativa, por isso os líderes foram reclamar.

AS 3 LÍNGUAS:
O título foi escrito em três línguas diferentes: 1) Hebraico/Aramaico – língua do país; 2) Grego – a língua falada, a língua comum; e 3) Latim – a língua do império, a língua oficial. Vejamos a soberania de Deus em proclamar para todo o mundo que Seu Filho crucificado é o Rei dos reis!

As três línguas mostram que:
a - Todas as pessoas são pecadoras e carecem de Jesus Cristo crucificado. Todos, independente se você era filho da aliança mosaica, cidadão romano, ou um cidadão comum de fala grega – todos precisam crer em Jesus crucificado para ter a salvação.
A placa mostra que os horrores e a maldição do pecado e a ira de Deus estão sobre todos, sem exceção!

b – As três línguas proclamam a universalidade do amor do Pai. Jo 3:16 Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. A placa sobre a cabeça de Jesus é uma proclamação para todos os povos de todas as línguas, tribos e nações do imenso amor com que Deus amou Seus eleitos. Ele não amou só as pessoas de Israel. Ele não ama só os judeus, mas sim pessoas de todas as nações, tribos e línguas!

c – A placa com o escrito em Hebraico, Latim e Grego mostra que independente da sua herança familiar, do seu nascimento terreno, se você era nascido em Roma ou em Jerusalém, se você é prestigiado ou um escravo, todos são chamados a serem crucificados com o Senhor Jesus!

d – A placa é uma proclamação de que, independente de como você vê Jesus, Ele é o Rei dos reis e um dia todos estarão diante dEle: Fp 2:8-11 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! 9 Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. Independente se você tem (acredita) ou não Jesus como Senhor, a verdade é que Ele é e Ele reina!

O que escrevi, escrevi!” Esse modo de Pilatos de decretar o título reflete o modo que Deus decreta Jesus como rei – ‘Está finalizado!’. Ele é rei e acabou! O reinado de Cristo é imutável!

Aquela placa que servia para humilhar, zombar, ridicularizar e proclamar para todos a condenação do criminoso é, nas mãos de um Deus todo poderoso e soberano, uma placa que proclama a verdade sobre Jesus.
Sl 76:10 Certamente a cólera/ira do homem redundará em teu louvor; o restante da cólera tu o restringirás.(ACF)
O salmista proclama que a ira do homem redunda em louvores a Deus. Quando Pilatos escreveu o título para Jesus em ira contra os judeus, o Senhor usou aquilo para os louvores do Seu Filho amado!

João 11:49-52 relata que o sumo sacerdote falou, em sua ira, que Jesus deveria morrer pelo povo. Agora Pilatos, o líder dos gentios, declara que Jesus é rei!

Em cada detalhe vemos a mão poderosa do nosso Deus. Quão bom é sermos, por meio de Jesus, adotados por esse Deus! Até sobre as mãos daqueles homens estava a mão de Deus!

IV – A SOBERANIA NA SALVAÇÃO (V.27-28)
27 Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda, 28 e cumpriu-se a Escritura que diz: "Ele foi contado entre os transgressores".

v.27COM ELE CRCUFICARAM DOIS LADRÕES” --- Esses dois homens que foram crucificados com Jesus não eram meros ladrões de rua, não eram homens que roubavam dinheiro, animais ou frutas nas feiras. Eles eram rebeldes. Eles eram considerados como homens de extremo perigo para o poder de Roma. Provavelmente eram zelotes que seguiam o líder Barrabás. Esses homens eram considerados o lixo da sociedade, por isso mereciam a pior de todas as mortes! Foi com a escória da sociedade que Jesus morreu.

Alguns manuscritos mais antigos não possuem o versículo 28. Muitos acreditam que foi algum escriba que adicionou esse comentário. Mas independente se é original ou não, a Bíblia realmente havia profetizado isso. Isaías 53 é a maravilhosa profecia a respeito dos sofrimentos vicários que aconteceria com Jesus, o Servo Sofredor. Nenhuma outra passagem da Bíblia detalha e relata tão bem a morte vicária de Jesus como Isaias 53.
Is 53:12 10 Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias, e a vontade do Senhor prosperará em sua mão. 11 Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniqüidade deles. 12 Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes [ou ‘por isso eu lhe darei os muitos, e os fortes lhe será dividido como espólios’], porquanto ele derramou sua vida até à morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele carregou o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.

Isaías dá 4 razões para que o Servo receba a recompensa dos ‘muitos’ que Ele comprou com Seu sangue (v.12). A segunda delas é: ‘e foi contado entre os transgressores’.
Ele pessoalmente se identificou com aqueles que Ele veio salvar. Ele se alegrou em perder não só a vida, mas também sua reputação e ser considerado pelos espectadores como um rebelde.(J. Alec Motyer, The Prophecy of Isaiah – Introduction and Commentary, IVP, pg 443)

Jesus morreu com os piores dos pecadores para se identificar com eles! “Ele foi, em Sua morte, contado entre os transgressores, para que nós, na nossa morte, fossemos encontrados entre os santos e contado entre os escolhidos.(Matthew Henry)

Durante toda a vida de Jesus, Ele foi associado com os pecadores. Ele era chamado de ‘amigo dos pecadores’. Agora, no seu terrível leito de morte, encontramos Jesus com os mais terríveis pecadores.

um à sua direita e outro à sua esquerda” --- Jesus foi colocado no meio deles. Na antiguidade, quando os reis eram exaltados e coroados, eles sempre tinham um homem de confiança à sua direita e outro à sua esquerda. Nessas coroações, as pessoas que passavam pelo rei e seus homens de honra os saudavam, mas aqui, as pessoas passam e lançam insultos. O lugar no centro era visto como o mais importante. Portanto, aqui Jesus é mostrado como o pior dos piores, Ele é mostrado como o chefe e líder desses rebeldes.

Aquele lugar no centro estava reservado para Barrabás, um revolucionário violento e assassino, mas Jesus tomou o lugar dele. Ao Seu lado, estava o lugar que Tiago e João tanto desejavam (10:37,40), mas que estava reservado para um outro santo!

A SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO DO LADRÃO:
Esses dois homens que foram crucificados com o nosso Senhor eram terríveis, temidos e violentos. Eles não tinham temor por Deus e nem pelo governo romano.
Eles tinham raiva de Jesus, por isso eles também zombaram do nosso Salvador.

Mc 15:32 Os que foram crucificados com ele também o insultavam; Mt 27:44 Igualmente o insultavam os ladrões que haviam sido crucificados com ele.

Esses dois homens fizeram o mesmo que todos os outros que viram Jesus na cruz – insultaram e zombaram de Jesus!

Lucas relata o que aos olhos dos homens é impossível. Em Góglota, na abominação da cruz, um dos condenados vê que a cruz é o poder da salvação e que Jesus é o Rei! Lc 23:39-43 Um dos criminosos que ali estavam dependurados lançava-lhe insultos: "Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!" 40 Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo: "Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença? 41 Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este homem não cometeu nenhum mal". 42 Então ele disse: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino". 43 Jesus lhe respondeu: "Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso".

Lucas nos mostra que um desses criminosos, de repente, começou a ver as glórias do Reino de Deus. Ele viu o Reino de Deus, pois Ele viu Jesus como Rei (v.42).

Como alguém pode ver o Reino de Deus de Forma Salvífica?
Jo 3:1-3 Havia um fariseu chamado Nicodemos, uma autoridade entre os judeus. 2 Ele veio a Jesus, à noite, e disse: "Mestre, sabemos que ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele". 3 Em resposta, Jesus declarou: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode [δύναμαι -poder, capacidade ou habilidade] ver [ὁράω – discernir, participar, experimentar] o Reino de Deus, se [condição] não nascer de novo [ou nascer do alto]".

Jesus deixou claro que NINGUÉM PODE VER O REINO DE DEUS SE NÃO NASCER DE NOVO/DO ALTO!

Jo 3: 4 – [Nicodemos ficou curioso e perguntou como isso ocorria] Perguntou Nicodemos: "Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer! "

Então Jesus responde a Nicodemos: vs.5-8 5 Respondeu Jesus: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água [Ezequiel 36 – Deus asperge água para purificar] e do Espírito. 6 O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito. 7 Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que vocês nasçam de novo. 8 O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito" [a soberania de Deus em escolher].

Como que esse inimigo de Cristo, esse homem que não tinha visto o Reino de Deus de repente passa a vê-lo?
Através da obra graciosa de Deus em fazer com que aquele homem pregado na cruz nascesse de novo! É Deus quem nos dá o novo nascimento! O homem é incapaz de se auto fazer nascer do alto. I Pe 1:3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 23 Pois vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente.

Jo 3:14-15 Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do homem seja levantado, 15 para que todo o que nele crer tenha a vida eterna; 12:32 Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos [pessoas de todas as nações] a mim.

Aqui está Jesus levantado sobre a cruz atraindo um criminoso para a vida eterna!

Como ocorre esta atração? Como que um homem que antes estava xingando, blasfemando, zombando e insultado o nome de Jesus, de repente se vê clamando por misericórdia para entrar em Seu reino? Jo 6:44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no último dia, 65 E prosseguiu: "É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai".

Como esse rebelde, esse ‘lixo’, esse pecador, blasfemador e zombador de Jesus viu o Reino de Deus?
- não foi com uma pregação bonita e cheia de mensagens emotivas.
- não foi com a letra da música que tocaram na hora do apelo.
- não foi nascendo numa família que temia a Deus.
- não foi repetindo uma oração.

Foi por meio da misericórdia de Deus que, através do Espírito Santo, fez com que esse homem nascesse de novo, recebesse novos olhos e uma nova mente e assim ele pôde ver Jesus sendo levantado como o Rei dos reis e autor da salvação!

Pode ser que a mensagem na placa tenha despertado as esperanças desse ladrão arrependido. Ele pode ter raciocinado [agora com uma nova mente]: 'Se Seu nome é Jesus, então Ele é um Salvador. Se Ele é de Nazaré, então Ele se identifica com as pessoas rejeitadas. Se Ele tem um reino, então talvez haja um lugar para mim!’" (Wiersbe).

A cruz continua sendo o poder da salvação. Após Simão de Cirene, agora um rebelde é arrastado para a vida eterna.

Esse homem estava morto, como um corpo em putrefação, totalmente comido pelos vermes do pecado, fedido e impuro [como Lázaro no sepulcro]. E, de repente, esse defunto recebeu vida e começa a se tornar fragrância de Cristo. Ef 2:1 Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, 4 Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, 5 Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), 6 E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; 7 Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. 8 Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. 9 Não vem das obras, para que ninguém se glorie.
Com certeza isso não veio das obras, pois esse condenado tinha suas mãos e pés pregados a cruz, mas da misericórdia de Deus!

Rm 2:4 Ou será que você despreza as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência, não reconhecendo que a bondade de Deus o leva ao arrependimento?

É naquele lugar de fracasso, humilhação, sofrimento, agonia, desprezo e dor que Deus mostra Sua bondade e leva aquele ladrão ao arrependimento!

O ARREPENDIMENTO É MOSTRADO:
Arrependimento sempre é visto na vida das pessoas. Não tem como alguém confessar os pecados, se arrepender, professar fé em Cristo e continuar no mesmo estilo de vida. Pois a pessoa que tem fé foi, como Paulo diz, morta, sepultada e crucificada com Cristo!
É isso o que esse rebelde mostra, arrependimento! Até mesmo na cruz – com sofrimentos inimagináveis a nós – o ladrão mostra frutos de arrependimento.

Com seus pulsos e pés perfurados por pregos, seu corpo aberto e cheio de humilhação, esse rebelde mostra que recebeu um novo coração.

Mt 12:34 Pois a boca fala do que está cheio o coração.
As palavras desse criminoso revelam um novo coração!

No meio dos insultos, dos palavrões, das palavras de ódio e desprezo da parte dos líderes religiosos, das pessoas que passavam e dos soldados, as palavras desse criminoso soam como uma bela canção.

As palavras dele revelam que um milagre ocorreu naquele coração! As ações (palavras) revelam o arrependimento!

1 – Ele revela agora seu temor por Deus. 40 Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo: "Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença?
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria! Ele começa a temer ao Senhor e vê a sabedoria de Deus na cruz de Jesus!

2 – Ele repreende o homem que continuava blasfemando. 40 Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo...
Esse criminoso não tem vergonha de se identificar com o Cristo crucificado.
Quantos aqui morrem de vergonha de orar em público, de falar do Evangelho da cruz e de repreender as pessoas que fazem piadas e zombam das coisas de Deus.

3 – O ladrão vê e reconhece a sua injustiça, a sua pecaminosidade. v41 “Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem.” É isso o que a cruz faz!
Um elemento crucial do arrependimento é que ele gera uma mudança de mente e do modo de pensar sobre o pecado. Você passa a ver quão injusto e quão terrível é o seu pecado.

É exatamente isso o que a crucificação deve gerar – um claro entendimento de quão pecadores nós somos e quão justo seria Deus de nos castigar!

4 – Ele não só vê a própria injustiça, mas vê também a justiça de Cristo. V.41 “Mas este homem não cometeu nenhum mal".
Ele entende que só Jesus é totalmente justo e sem pecado. É essa justiça de Jesus que é imputada nos que creem!

5 – Entende que só pode ter um lugar no céu através de Jesus. 42 Então ele disse: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino".
Como o publicano em Lucas 18, esse rebelde clama pela misericórdia de Cristo!
Lembra de quão pecador eu sou, de quão carente eu sou da sua graça e da sua justiça!
Ele vê Jesus como o único mediador!

6 – Ele entendeu o que é salvação. Ele não vê a salvação promovida por Jesus como uma salvação dos sofrimentos terrenos. Ele entende que salvação está muito mais relacionada a ser salvo da condenação do justo Deus do que prosperar e ser livre de dores nessa vida.

Ele não acha que vai só porque ele creu, que descerá da cruz sem marcas e sem dor, um maravilhoso camelo estará esperando, cheio de bolsas com muito dinheiro.
Ele, diferentemente dos discípulos, entendeu que o Reino do Rei Jesus é diferente dos reinos da terra.

7 – A oração dele revela que seu coração foi transformado!
Ele não pede por um lugar de honra, apenas que seja lembrado.

A RESPOSTA DE JESUS:
Lc 23:43 Jesus lhe respondeu: "Eu lhe garanto [uma garantia de Jesus]: Hoje você estará comigo no paraíso".

HOJE:
A ênfase do texto está na rapidez de tudo isso. ‘Em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso’. ‘Hoje’. Não permanecerás no purgatório por gerações, nem dormirás no limbo por tantos anos; senão que estarás pronto de imediato para a alegria, e de imediato irá desfrutá-la. O pecador já estava quase ante às portas do inferno, mas a misericórdia toda poderosa o levantou, e o Senhor disse, ‘Hoje estarás comigo no paraíso’. Que mudança, da cruz à coroa, da angústia do Calvário à glória da Nova Jerusalém! Nessas poucas horas o mendigo foi levado do esterco e foi posto entre príncipes. ‘Hoje estarás comigo no paraíso’. Podem medir a mudança desse pecador, abominável em sua iniquidade quando o sol estava no alto do meio-dia, a esse mesmo pecador, vestido de branco puro, e aceito no Amado, no paraíso de Deus, ao pôr-do-sol? Oh, Salvador glorioso, que maravilhas podes fazer! Quão rapidamente podes realizá-las!” (Spurgeon)

Naquela manhã, o criminoso havia tido café da manhã com o diabo, mas à noite ele jantaria com o Senhor! Antes ele era um inimigo de Cristo, mas agora o criminoso é um amigo do Salvador! Esse é o triunfo da cruz!

Com muito cuidado OBSERVEMOS QUE O LADRÃO CRUCIFICADO FOI O ÚLTIMO COMPANHEIRO DE NOSSO SENHOR NA TERRA. Que triste companhia nosso Senhor selecionou quando esteve aqui. Não se juntou com os religiosos fariseus nem com os filosóficos saduceus, senão que era conhecido como o ‘amigo de publicanos e de pecadores’. Como me regozijo nisto! Me dá a segurança de que Ele não recusará associar-se comigo. Quando o Senhor Jesus me fez seu amigo, seguramente que não fez uma seleção que lhe trouxesse crédito. Crês que ganhou alguma honra quando te fez seu amigo? Acaso ganhou algo por causa de nós alguma vez? Não, irmãos meus; se Jesus não tivesse se inclinado tão baixo, talvez não teria vindo a mim; e se não tivesse procurado ao mais indigno, não teria vindo a ti. Assim o sentes, e estás agradecido pois Ele veio ‘não para chamar a justos, senão pecadores’. Como o Grande Médico, nosso Senhor passava muito tempo com os enfermos: se dirigia para onde podia exercitar sua arte de curar. O malfeitor que creu na cruz era um ladrão convicto, que havia permanecido na cela dos condenados e logo sofreria a pena capital por seus crimes. Um criminoso convicto era a última pessoa com a qual nosso Senhor teve que tratar nesta terra. Que amante das almas dos culpados é Ele! Como se inclina até o mais baixo da humanidade! À este homem tão indigno, antes que deixasse a vida, o Senhor da glória falou com graça incomparável, falou-lhe com palavras tão maravilhosas como nunca se poderão superar ainda que procures em todas as Escrituras: ‘Hoje estarás comigo no paraíso.’” (http://www.projetospurgeon.com.br/2012/03/o-ladrao-que-creu-4%C2%BA-sermao-especial-de-pascoa-de-c-h-spurgeon/)

Hoje você estará comigo no Paraiso!’ Essa é a garantia da salvação! A salvação não está presa à condição do homem, mas ao preço que foi pago na cruz!

Quem é este que entra pela porta de pérolas ao mesmo tempo que o Rei da glória? Quem é este favorecido companheiro do Redentor? É um mártir digno de honra? É um fiel apóstolo? É um patriarca, como Abraão; ou um príncipe, como Davi? Não, nenhum deles. Vejam, e assombrem-se com a graça soberana! O que entra pela porta do paraíso, com o Rei da glória, é um ladrão, que foi salvo em um decreto de morte. Não é salvo de uma maneira inferior, nem é recebido na beatitude de um modo secundário. Verdadeiramente, há últimos que serão primeiros! Aqui gostaria que notassem a condescendência da eleição de nosso Senhor. O camarada do Senhor da glória, por quem o querubim deixa de lado sua espada de fogo, não é uma grande pessoa, senão um malfeitor recentemente convertido. E por quê? Penso que o Salvador o tomou com Ele como um exemplo do que Ele queria realizar. Parecia dizer a todos os poderes celestiais: ‘Trago um pecador comigo; é uma amostra do restante’.” (Spurgeon)

Esse é o poder da cruz na mão de um Deus tão soberano!

Os braços do nosso Senhor Jesus estão presos, perfurados na cruz, mas Seu coração está aberto e livre para receber os pecadores.
Seu corpo jorra sangue, mas seu coração jorra graça e misericórdia.
A cruz é a pedra de tropeço para muitos, mas para outros é o poder da salvação.

CONCLUSÃO:

Quão soberano e majestoso é o nosso Deus! O diamante da cruz continua a brilhar e refletir diversas cores aos nossos olhos. No último estudo vimos as cores dos nossos pecados, do amor de Deus e do caminho do discipulado. Hoje, esse diamante jogou as cores da soberania de Deus naquele lugar chamado Gólgota. Vimos a soberania de Deus:
1 – Sobre as roupas de Jesus. Jesus foi despido cumprindo a profecia e permitindo que nós fossemos vestidos com a sua justiça!
2 – Sobre o tempo da crucificação. Cada minuto, segundo e milésimo de segundo está nas mãos desse maravilhoso Deus. Que possamos descansar na lembrança de que cada segundo da crucificação de Jesus estava sob o cuidado de Deus. E assim, cada segundo de nossas vidas também está sob Seu cuidado.
3 – Sobre a placa que foi colocada sobre Jesus. O que os homens planejaram com raiva, o Senhor usou para a sua glória. Este é Jesus, o Rei dos Judeus!
4 – A soberania de Deus sobre a salvação de um criminoso na cruz!

Assim como aquele criminoso, todos nós estávamos na mesma situação: inimigos de Cristo, condenados, mortos, sob a ira de Deus, rebeldes. Mas naquela cruz, o Pai demonstrou graça, misericórdia e poder para salvá-lo e para nos salvar!

Obrigado Jesus por se lembrar de nós!

Um comentário:

  1. Gratidão a Deus por esse maravilhoso estudo ao me ajudar a aprender sobre sEu infinito amor e misericórdia em Cristo Jesus!!!!

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