terça-feira, 3 de julho de 2012

Marcos 15:6-15 - O Julgamento de Jesus: Parte V - O Justo [Jesus] pelo Injusto [Barrabás]

Série de Sermões em Marcos
Passagem: Marcos 15:6-15
Título: O Julgamento de Jesus: Parte V - O Justo [Jesus] pelo Injusto [Barrabás]
Pregado na manhã de Domingo, do dia 01 de julho de 2012,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Gustavo Barros

Versão em vídeo

Marcos 15:6-15 6 Por ocasião da festa, era costume soltar um prisioneiro que o povo pedisse. 7 Um homem chamado Barrabás estava na prisão com os rebeldes que haviam cometido assassinato durante uma rebelião. 8 A multidão chegou e pediu a Pilatos que lhe fizesse o que costumava fazer. 9 "Vocês querem que eu lhes solte o rei dos judeus?", perguntou Pilatos, 10 sabendo que fora por inveja que os chefes dos sacerdotes lhe haviam entregado Jesus. 11 Mas os chefes dos sacerdotes incitaram a multidão a pedir que Pilatos, ao contrário, soltasse Barrabás. 12 "Então, que farei com aquele a quem vocês chamam rei dos judeus?", perguntou-lhes Pilatos. 13 "Crucifica-o", gritaram eles. 14 "Por quê? Que crime ele cometeu?", perguntou Pilatos. Mas eles gritavam ainda mais: "Crucifica-o!" 15 Desejando agradar a multidão, Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o entregou para ser crucificado.

Introdução:
Uma das doutrinas mais desagradáveis e mais rejeitadas pelos homens é a doutrina da Depravação Total, ou a Queda Radical. Isto é, o ensino de que o pecado afetou e afeta todo o ser humano. Não há nenhuma parte do homem que não tenha sido contaminada e afetada pelo pecado original. Chamamos isso de Queda Radical, pois a queda afetou de forma radical todo o homem, do cabelo à unha do dedinho do pé. Toda a natureza do homem foi afetada na queda.
As pessoas odeiam tal ensino, pois ele mostra quão incapaz e quão perverso é o ser humano. Muitos rejeitam essa doutrina, pois ela tira o homem do centro e coloca um Deus totalmente soberano.
O mais triste é que, até mesmo dentro das igrejas, essa doutrina da total incapacidade do homem de salvar tem sido rejeitada e odiada. Até mesmo dentro das igrejas muitos líderes promovem a ideia de que o homem ainda tem algo bom dentro de si que o permite ir até Jesus. E para o homem ir até Jesus basta que você toque no intimo do coração dele, por isso as mensagens apelam para as emoções e as igrejas se voltam para o homem – as músicas, os assentos, a pregação, o apelo... - como se as coisas exteriores realizadas pelos homens fossem capazes de atrair o pecador a Jesus!

Mas a Bíblia nos ensina que o homem, sem a obra regeneradora do Espírito Santo, é totalmente incapaz de aceitar a mensagem da cruz. Jesus ensinou várias vezes que o homem está totalmente preso ao seu pecado e não tem a habilidade e nem a capacidade de ir a Jesus sem que o Pai arraste a pessoa antes (João 3,6,8). Jesus ensinou que nenhum homem pode, pela própria vontade, nascer do Espírito.

Essa história diante de nós mostra de forma muito clara como todos os homens, de uma forma ou de outra, rejeitam e trocam o Evangelho de Cristo por tudo o que é mal. Essa história diante de nós é uma ilustração maravilhosa do Evangelho da Graça.

Aqui temos a hostilidade e a rejeição da humanidade para com Jesus representadas das mais diversas formas:

1 – BARRABÁS = Esse homem mostra o tipo de homem que todos olham e sabem quão perverso ele é. Barrabás é o tipo de homem que só de olhar ou escutar sobre ele, a perversidade do pecado é claramente demonstrada. Como um estuprador, um maníaco, um craqueiro, um homossexual ou uma prostituta – a perversidade e ódio para com o Evangelho da Cruz é visível.

2 - MULTIDÃO = Escondem o ódio por Deus atrás de outras opiniões. Essas pessoas passam a rejeitar a verdade e a santidade do Evangelho por meio de influências políticas e religiosas.

3 – LÍDERES RELIGIOSOS = Esses escondem o ódio e a rejeição por Jesus atrás da religiosidade. O mundo está cheio dessas pessoas, pessoas que se achegam e são fieis às mais diversas religiões, mas odeiam Jesus. Elas vão para outras religiões, pois têm uma rejeição total pelas verdades exclusivistas de Jesus. Mas aos olhos das pessoas elas aparentam ser piedosas e exemplares.

4 – PILATOS = Esse é o tipo de pessoa que vê em Jesus uma certa decência, acha que Jesus é um grande líder espiritual, confessa para as pessoas que têm um respeito por Jesus, mas está preocupado com os seus próprios interesses. Essa pessoa ‘gosta’ de modo superficial do Evangelho, mas revela seu ódio por Jesus não se prostrando e não se submetendo aos altos padrões impostos por Deus! O mundo e as igrejas estão cheias dessas pessoas, pessoas que professam que Jesus é um homem bom e justo, mas não estão dispostos a morrer com Ele!

Todos eles têm o mesmo fator comum: ódio, rejeição e insubmissão para com Jesus! Todos eles, de uma forma ou de outra, rejeitam o Evangelho da Cruz.

Mas essa história não mostra só a péssima notícia da total incapacidade do homem de clamar Jesus como Rei por vontade própria, ela mostra também que a salvação se dá por meio da misericórdia de Deus em condenar o justo Jesus para que os injustos se tornassem justos.

Contextualização:
Após todas as ilegalidade e injustiças feitas no julgamento de Jesus, a liderança de Israel tentou dar uma aparência de um julgamento justo, por isso eles se reuniram logo cedo na sexta, assim que houve claridade, para condenarem Jesus (15:1), pois de acordo com a lei judaica da época “Casos de pena de morte devem ser julgados durante o dia, o veredicto deve ser estabelecido durante o dia.” (Mishnah tratado do Sinédrio 4:1).

Após ser condenado pela liderança de Israel, Jesus foi amarrado, levado e entregue a Pilatos (15:1). Pilatos é um novo personagem de muita importância na trama toda da crucificação. O governante romano entra em cena, pois ele tinha o poder da espada. Os judeus não tinham autoridade legal para executar, por isso Jesus foi levado ao governante gentio.

Já que as acusações religiosas não funcionariam perante o governador romano, os judeus inventaram 3 acusações políticas para condenar Jesus. Lucas 23 nos diz que eles acusaram Jesus de: perverter a nação, proibir o pagamento de impostos e se autoproclamar o rei dos judeus. É na terceira acusação que Pilatos foca.

João 18:28-38 nos conta com mais detalhes a conversa entre Jesus e Pilatos e como o governante romano encerra esse primeiro julgamento com a seguinte declaração: “Não acho nele motivo algum de acusação.” (Jo 18:38).

Para Pilatos, Jesus é um homem digno de dó e de cuidados especiais e não de crucificação. Mas para os judeus, Jesus precisa ser crucificado! Pilatos, um homem sem convicções e princípios, teme os homens e se perde na autoridade que Deus lhe havia concedido. Nesse estudo veremos as consequências do seu temor.

A PINTURA DO EVANGELHO:
Antes de entrarmos na história, é importante lembrarmos que essa é uma das cenas mais tristes da humanidade, mas é também uma das cenas mais lindas do que é o Evangelho de Jesus. Essa história pinta a cena do que é a salvação do homem. Através dessa cena nós podemos ver o que é realmente a morte vicária de Jesus. Por isso essa história é narrada em todos os Evangelhos!
A cruz havia sido preparada para Barrabás, a condenação estava sobre Barrabás, mas o injusto, o condenado, o assassino, é liberado e o justo, inocente e santo é condenado!
O justo toma o lugar do injusto. Que terrível e maravilhosa é essa história!

Notemos quão admirável símbolo do plano de salvação, apresentado no evangelho, nos fornece a libertação de Barrabás. O culpado foi solto, o inocente foi executado. O grande assassino foi libertado e Aquele que não cometeu pecado permaneceu preso. Barrabás foi poupado, Cristo foi crucificado. Nesse fato notável, encontramos um vívido emblema da maneira como Deus perdoa e justifica o ímpio. Ele age assim porque Cristo sofreu no lugar dos ímpios – o justo pelos injustos.(J.C. Ryle, Meditações no Evangelho de Marcos, Fiel, pg 201)

Essa história visualiza de forma maravilhosa as palavras do apóstolo Pedro em I Pedro 3:18: “Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus.

Divisão do Estudo:
I – O QUINTO JULGAMENTO (LUCAS 23:7-8)
II – A OFERTA DO EVANGELHO (MARCOS 15:6-12)
III – A RESPOSTA DO HOMEM CARNAL (MARCOS 15:13-15)

I – O QUINTO JULGAMENTO (Lucas 23:7-8)

Marcos não nos relata o que ocorreu logo após a conversa entre Jesus e Pilatos, mas Lucas nos conta com mais detalhes. Lucas nos mostra que Jesus passou por uma segunda audiência perante os gentios, agora diante de Herodes.

Pilatos era um homem sem convicções e sem princípios. Ele viu que Jesus era inocente e que seria uma injustiça condenar aquele homem, mas devido à pressão da liderança de Israel, ele entra em choque. Ele está perdido, pois sabe que Jesus é inocente, mas a liderança de Israel O quer morto, por isso ele não sabe o que fazer. Isso ocorre com todos que não têm convicção da verdade e não estão apoiados sobre princípios bíblicos.

Mas, de repente, Pilatos teve uma ideia de como se livrar do problema:
Lc 23:6-12 6 Ouvindo isso, Pilatos perguntou se Jesus era galileu. 7 Quando ficou sabendo que ele era da jurisdição de Herodes, enviou-o a Herodes, que também estava em Jerusalém naqueles dias [Herodes morava em Tiberíades, mas na Páscoa ia para Jerusalém]. 8 Quando Herodes viu Jesus, ficou muito alegre, porque havia muito tempo queria vê-lo [desde a morte de João Batista o governante romano buscava a morte de Jesus – Lc 13:31-32. Herodes pensava que Jesus fosse um tipo de João reencarnado Mc 6:16]. Pelo que ouvira falar dele, esperava vê-lo realizar algum milagre [Herodes quer o show!]. 9 Interrogou-o com muitas perguntas, mas Jesus não lhe deu resposta. 10 Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei estavam ali, acusando-o com veemência. 11 Então Herodes e os seus soldados ridicularizaram-no e zombaram dele. Vestindo-o com um manto esplêndido, mandaram-no de volta a Pilatos. 12 Herodes e Pilatos, que até ali eram inimigos, naquele dia tornaram-se amigos [não sabemos ao certo qual o principal motivo da inimizade. Alguns dizem que foi devido aos escudos com imagens que Pilatos ordenou que fossem colocados no palácio de Herodes, Herodes conversou com Tibério e o imperador ordenou Pilatos que tirasse os escudos. Outros alegam que foi devido ao assassinato de galileus por Pilatos, isso irritou Herodes que era o governador da Galiléia. O que é claro é que Jesus uniu esses dois inimigos, cumprindo o Sl 2. Tornaram-se amigos, pois Pilatos foi ‘respeitoso’ dessa vez e enviou o galileu para o tetrarca da Galiléia e assim satisfez o desejo de Herodes de ver Jesus].

v.7 - Quando Herodes, o Grande, morreu, o território da Palestina foi dividido entre 3 filhos. Arquelau (Judéia, Samaria, Iduméia), Filipe (Traconites, Ituréia, Gaulanites, Auranites) e Antipas (Galiléia e Peréia). Herodes Antipas era filho de Herodes, o Grande. Assim como seu pai, ele procurou agradar os judeus [em suas moedas ele não colocou imagens].
Herodes ‘roubou’ a esposa de seu irmão Herodes Filipe, Herodias (que era sobrinha deles) e se divorciou de Falsaléia (filha do rei nabateu, Aretas IV). O divórcio com Falsaléia gerou guerras com os nabateus. João Batista confrontou os pecados de Herodes e Herodias e por isso foi preso e decapitado. Esse é o homem que está diante de Jesus!

Esse 2° Julgamento perante os gentios é marcado por duas coisas:
1 – A humilhação de Jesus. Jesus foi humilhado por Herodes. A capa que Herodes coloca sobre Jesus é uma maneira de ridicularizar Jesus como ‘rei dos judeus’, título esse que era de seu pai, Herodes, o Grande!

2 – A justificação de Jesus! Mais uma vez, Jesus é visto como inocente perante o tribunal gentio.
Lc 23:13-15 13 Pilatos reuniu os chefes dos sacerdotes, as autoridades e o povo, 14 dizendo-lhes: "Vocês me trouxeram este homem como alguém que estava incitando o povo à rebelião. Eu o examinei na presença de vocês e não achei nenhuma base para as acusações que fazem contra ele. 15 Nem Herodes, pois ele o mandou de volta para nós. Como podem ver, ele nada fez que mereça a morte.

Na boca de duas testemunhas, se tem a declaração de que Jesus não era digno de ser condenado!

Herodes não achou culpa alguma em Jesus, por isso ele O envia de volta a Pilatos.

É com Jesus de volta ao Pretório que Marcos 15:6 começa.

II – A OFERTA DO EVANGELHO (MC 15.6-12)
6 Por ocasião da festa, era costume soltar um prisioneiro que o povo pedisse. 7 Um homem chamado Barrabás estava na prisão com os rebeldes que haviam cometido assassinato durante uma rebelião. 8 A multidão chegou e pediu a Pilatos que lhe fizesse o que costumava fazer. 9 "Vocês querem que eu lhes solte o rei dos judeus?", perguntou Pilatos, 10 sabendo que fora por inveja que os chefes dos sacerdotes lhe haviam entregado Jesus. 11 Mas os chefes dos sacerdotes incitaram a multidão a pedir que Pilatos, ao contrário, soltasse Barrabás. 12 "Então, que farei com aquele a quem vocês chamam rei dos judeus?", perguntou-lhes Pilatos.

Começamos aqui o sexto e último julgamento do nosso Senhor Jesus! Ele passou por Anás, Caifás, Sinédrio, Pilatos, Herodes e agora Pilatos novamente.

v.6era costume soltar um prisioneiro que o povo pedisse” --- Essa tradição vinha de outros povos. Os romanos adotaram essa prática como um modo de cultivar bons relacionamentos com os povos dominados, permitindo assim uma participação em julgamentos (um exemplo disso pode ser visto nas lutas de gladiadores, onde o povo decidia quem morria).

Anistia (esquecer/ignorar/perdoar a infração de um condenado) era praticada na antiguidade:
Anistias em festivais eram conhecidas em várias partes do mundo e em diversos períodos de tempo... Duas formas de anistia existiam de acordo com a lei romana: a abolitio, ou seja, a absolvição de um preso ainda não condenado, e a indulgentia, o perdão/absolvição de um preso já condenado.” (http://www.soniclight.com/constable/notes/pdf/mark.pdf)

No judaísmo, essa anistia era conhecida como o perdão/anistia pascal, que ocorria na Páscoa. Era uma hora importante em que eles se lembravam de como foram libertos no Egito.

v.7 UM PECADOR NOTÓRIO: BARRABÁS:
v.7 Um homem chamado Barrabás estava na prisão com os rebeldes que haviam cometido assassinato durante uma rebelião.
Conhecemos agora um dos personagens mais importantes em toda a história da crucificação. Seu nome aparece apenas três vezes em Marcos (15:7,11,15), mas o seu papel é de extrema importância!

Ele é fundamental nessa história, não por causa das grandes coisas que ele fez, mas devido sua condição!

O seu some significa 'filho do pai'. Bar = filho, abba = pai. Talvez seu pai fosse conhecido e por isso ele recebeu esse nome.

Mt 27:16 Eles tinham, naquela ocasião, um prisioneiro muito conhecido (Gk. ἐπίσημος – notório, notável, ilustre), chamado Barrabás.
Barrabás era muito bem conhecido por todos ali. Ele era conhecido por causa do seu terrível comportamento! Ele era notório entre os israelitas devido ao seu péssimo estilo de vida!

Esse homem é marcado por 3 características:
1ESTAR PRESO – Ele está na prisão! Barrabás foi julgado e condenado, por isso ele está preso.

2 Rebelde --- Barrabás era um λῃστής, esse título é usado tanto para um ladrão como para um rebelde anti-romano. O que tudo indica é que esse homem havia se rebelado contra Roma. Ele se revoltou contra a lei romana. Ele roubava as pessoas e usava os bens para investir em sua milícia. Barrabás era, provavelmente, do grupo dos Zelotes. Andava armado e pronto para roubar e matar!
3ASSASSINO – Esse homem já havia assassinado outras pessoas.

Que todos nós possamos nos ver nesse homem tão iníquo!
Assim como Barrabás, todos nós éramos filho do pai, Adão.
Assim como Barrabás, todos nós éramos rebeldes, odiávamos a lei de Deus. Nós éramos assassinos – com nossas ações, pensamentos e palavras. E, assim como Barrabás, todos nós estávamos presos aos nossos pecados.

Esse homem representa e simboliza toda a humanidade caída e afetada pelo pecado! Uma pessoa presa aos pecados, obedecendo só aos seus desejos e vontades, incapaz de se auto justificar, condenada a morte!
Ef 2:1-3 Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados,2 nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. 3 Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira; Tito 3: 3 Houve tempo em que nós também éramos insensatos e desobedientes, vivíamos enganados e escravizados por toda espécie de paixões e prazeres. Vivíamos na maldade e na inveja, sendo detestáveis e odiando-nos uns aos outros.

Que possamos olhar Barrabás e ver nossas vidas antes da graça regeneradora de Cristo!

A cruz havia sido preparada para ele. O açoite era para ele. A condenação pertencia a Barrabás. Os pregos eram para ele. Mas um outro tomou o seu lugar!

v.8 A multidão chegou e pediu a Pilatos que lhe fizesse o que costumava fazer.

A MULTIDÃO CHEGOU” – Não sabemos ao certo quem são essas pessoas.
Uma ‘multidão’ agrupada fora do palácio do governador bem cedo de manhã não necessariamente implica em uma multidão muito grande... É bem improvável que essa multidão tenha muitos, ou até mesmo alguns, da multidão que acompanhou Jesus em sua entrada na cidade (11:1-10).(R.T. France, NIGTC, Eerdmans, pg 631)

Provavelmente essa é uma multidão de pessoas de Jerusalém que vieram assistir ao show anual da anistia. Também poderia ser uma mistura de pessoas trazidas pelos líderes religiosos com amigos de Barrabás.

Eles se achegam a Pilatos para pedirem a libertação de um condenado como era costume. O que eles querem é que Pilatos comece o show anual da anistia, pois eles querem Jesus morto.

A OFERTA DO EVANGELHO A HOMENS CARNAIS:
vs.9-10 "Vocês querem que eu lhes solte o rei dos judeus?", perguntou Pilatos, 10 sabendo que fora por inveja que os chefes dos sacerdotes lhe haviam entregado Jesus.

Pilatos sabia que todo aquele processo era injusto e o motivo principal era a inveja dos judeus! v.10 sabendo que fora por inveja que os chefes dos sacerdotes lhe haviam entregado Jesus – Eles invejavam a autoridade de Jesus, o poder, o amor, a profundidade, o caráter e a santidade de Jesus. A inveja é como um ácido letal – contamina e destrói!

Esses homens de Israel odiavam Jesus porque Ele era completamente diferente deles. Jesus era real. Jesus tinha um relacionamento com Deus e ensinava com autoridade.

Pilatos já havia declarado a inocência de Jesus (Jo 18:38). Herodes e sua esposa declararam a inocência de Jesus!

O governante gentio está passando por uma crise, um conflito entre a consciência e a carreira, entre a verdade e a vergonha.

** Ele decide colocar na mão do povo a decisão. O governante era quem decidia quais presos seriam ofertados ao público, portanto ele escolheu Barrabás e Jesus!

Mt 27:15-17 Por ocasião da festa era costume do governador soltar um prisioneiro escolhido pela multidão. 16 Eles tinham, naquela ocasião, um prisioneiro muito conhecido, chamado Barrabás. 17 Pilatos perguntou à multidão que ali se havia reunido: "Qual destes vocês querem que lhes solte: Barrabás ou Jesus, chamado Cristo?"

A escolha desses dois homens foi uma jogada de Pilatos. Ele tinha plena certeza de que as pessoas escolheriam Jesus para ser solto. Ele estava certo de que as pessoas escolheriam aquele que havia curado os doentes, multiplicado pães e peixes e pregado sobre amar os inimigos ao invés de um bandido, assassino e revolucionário que colocava em risco toda a cidade.

Seria uma boa estratégia se essas pessoas fossem regeneradas. Seria uma boa estratégia se as pessoas nascessem amando a luz ao invés das trevas. Seria uma ótima jogada se o homem natural escolhesse Jesus quando movido pelas emoções.

Pilatos não conhecia a doutrina da Depravação Total!

v.9 "Vocês querem que eu lhes solte o rei dos judeus?"; v.12 "Então, que farei com aquele a quem vocês chamam rei dos judeus?", perguntou-lhes Pilatos.

Essa é a oferta do Evangelho da Cruz para homens carnais! Pilatos se assemelha com os pastores e pregadores de hoje que acreditam que o homem sempre vai correr para Jesus.

Pilatos não só não sabia da total depravação do homem, como ele também não sabia que o Cordeiro de Deus precisava ser crucificado! Era tudo parte do plano de Deus! At 2:23 Este homem lhes foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz.

OS PIORES DOS PIORES: v.11 Mas os chefes dos sacerdotes incitaram a multidão a pedir que Pilatos, ao contrário, soltasse Barrabás.

Muito pior que um pecador que é claramente visto por todos é aquele que esconde seu ódio por Jesus atrás de religiosidade!

Os líderes de Israel usam a autoridade e a liderança deles para incitar e promover a injustiça.
MAS OS CHEFES DOS SACERDOTES INCITARAM A MULTIDÃO” --- Homens malignos influenciando pessoas ignorantes.

Eles se infiltraram no meio das pessoas e começaram a mexer com as mentes delas.
O que eles falaram nós não sabemos, mas fica claro que:
1 – Eles usaram a autoridade deles para influenciar de forma pecaminosa.
2 – A multidão era composta por pessoas ignorantes quanto à Palavra de Deus, sem princípios morais e facilmente influenciadas.

No meio de toda essa confusão, enquanto Pilatos estava no tribunal, ele recebeu uma noticia de sua esposa: “Não se envolva com este inocente, porque hoje, em sonho, sofri muito por causa dele." (Mt 27:19)

Se não bastasse a própria consciência, a absolvição da parte de Herodes, agora ele tem a voz da esposa. Três testemunhando a inocência de Jesus.

Devido a sua fraqueza, devido a sua falta de convicções, ele fica perdido.

v.12 "Então, que farei com aquele a quem vocês chamam rei dos judeus?", perguntou-lhes Pilatos.

Pilatos entrega Jesus nas mãos de homens perversos!
A oferta foi feita. Qual será a resposta deles?

III – A RESPOSTA DO HOMEM NATURAL (VS.13-15)
13 "Crucifica-o", gritaram eles. 14 "Por quê? Que crime ele cometeu?", perguntou Pilatos. Mas eles gritavam ainda mais: "Crucifica-o!" 15 Desejando agradar a multidão, Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o entregou para ser crucificado.

Diante de nós está a resposta que todo homem não-regenerado dá à oferta do Evangelho.
Assim como essa multidão, nós também não escolheríamos Jesus Cristo se não fosse pela graça e misericórdia de Deus!

A pergunta de Pilatos foi:
Qual dos dois você querem solto? O que vocês querem que eu faça com Jesus?

A resposta da multidão:
CRUCIFICA-O!!!” --- Eles querem para Jesus a pior de todas as mortes! Eles querem Jesus dependurado no madeiro como símbolo de alguém amaldiçoado por Deus!

Quando eles gritam ‘Crucifica-o!!’, eles estão gritando com toda a força, ‘Nós odiamos esse homem, que ele morra a pior de todas as mortes!'.

v.14POR QUÊ? QUE CRIME ELE COMETEU?
Pilatos está completamente confuso e perdido. Ele tinha certeza que a multidão iria preferir o ‘pacífico’ rabino de Nazaré no lugar do assassino e bandido Barrabás.

Pilatos fica tão perdido que ele pergunta, “Por que vocês querem isso? O que ele fez?”.
Ele, então, tem outra ideia: Lc 23:22-23 Pela terceira vez ele lhes falou: "Por quê? Que crime este homem cometeu? Não encontrei nele nada digno de morte. Vou mandar castigá-lo e depois o soltarei". 23 Eles, porém, pediam insistentemente, com fortes gritos, que ele fosse crucificado; e a gritaria prevaleceu.

A multidão não responde, eles apenas gritam e proclamam com mais agressividade e euforia:
CRUCIFICA-O!!!! Não temos rei, senão César! (Jo 19:15)
Eles têm tanto ódio para com Cristo que eles estão dispostos a confessarem que Deus não é mais o Rei da nação de Israel! O ódio por Jesus traz para fora a realidade dos corações deles.

Não nos surpreendamos com tal resposta, pois é isso o que toda pessoa sem a misericórdia salvífica de Deus deseja! Rm 8:7 a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à lei de Deus, nem pode fazê-lo. 8 Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus.

O homem não quer a Luz, pois a Luz revela a nossa podridão. Jo 3:19 Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más.

As pessoas que acreditam que a música, a mensagem apelativa e o ambiente que tocam as emoções os farão aceitarem a Jesus nunca leram essa passagem. Pois aqui temos o que mais toca a emoção de um homem: um homem cuspido, preso, sangrando, ferido, tratado como um bandido e um governante gentio proclamando a inocência dele, e ainda assim as pessoas rejeitam e odeiam esse Jesus.

O coração é tão perverso que ele não quer só a morte de Jesus, ele anseia a liberdade do pecado! Eles não clamam só pela morte de Jesus, eles clamam pela liberdade de Barrabás!

A TENTATIVA DE ESCAPAR DO JULGAMENTO:
Mateus 27:24-26 24 Quando Pilatos percebeu que não estava obtendo nenhum resultado, mas, pelo contrário, estava se iniciando um tumulto, mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão e disse: "Estou inocente do sangue deste homem; a responsabilidade é de vocês". 25 Todo o povo respondeu: "Que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos! " 26 Então Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o entregou para ser crucificado.

Pilatos publicamente se desassocia da pena de Jesus. O lavar das mãos era um modo declarar a sua inocência na morte do nosso Senhor!

Ele tenta aliviar a sua consciência, pois na verdade ele é tão culpado quanto os outros.
Só as mãos dele foram lavadas, seu interior continuava todo podre e rejeitando Jesus!

Ele valorizou mais as opiniões dos homens e o temor dos homens do que a justiça e a inocência de Jesus.

v.28 – Essa é uma expressão indicando a responsabilidade pela morte de alguém, e ‘em nossos filhos’ indica que eles representam as gerações seguintes.

Mc 15:15 Desejando agradar a multidão, Pilatos soltou-lhes Barrabás,
DESEJANDO AGRADAR A MULTIDÃO” --- Tudo que inicia assim acaba em tragédia!
Não tem nada pior que um líder que tenta agradar a multidão!

É exatamente isso que temos visto nas igrejas hoje. Os púlpitos estão cada vez mais podres, pois os pregadores querem agradar as pessoas e param de pregar a verdade da cruz!

Pilatos é realmente um grande exemplo de pastores e pregadores de nossos dias: acham que as pessoas vão escolher a Jesus se as emoções foram tocadas e ficam tentando agradar as pessoas!

PILATOS SOLTOU-LHES BARRABÁS, mandou açoitar Jesus e o entregou para ser crucificado.

Aqui é a cena mais trágica e mais maravilhosa!

A substituição ocorre:
Jesus é açoitado ----- Barrabás é solto.
Jesus é condenado ----- Barrabás é liberto.
Jesus é amaldiçoado ----- Barrabás é abençoado.
Jesus é crucificado ----- Barrabás vive.
O Filho do Pai é entregue à cruz ----- O filho de um homem é entregue à liberdade.

Imaginemos como estava aquele assassino, bandido e condenado naquele dia:
ele acordou (se é que ele dormiu) todo amarrado, olhou para as mãos que seriam pregadas. Era ainda cedo quando ele escutou o barulho dos guardas se aproximando, a porta se abriu e eles o levam para fora o zombando e humilhando com ameaças de morte. Fora do pretório, ele viu uma multidão de pessoas em alvoroço. De repente os guardas soltam as suas correntes e ele acha que será levado ao tronco de madeira para o açoite. Os guardas dizem: Vai e só então ele entende que ele pode voltar para sua casa, que ele está livre.
Ele acompanha tudo de perto, ele vê todo o sofrimento de Jesus. Ele volta para a casa, à noite ele coloca a cabeça no travesseiro e diz: “Jesus tomou o meu lugar na cruz!”.

É uma pena que Barrabás só possa falar fisicamente. Ele foi o primeiro e único homem a dizer literalmente e fisicamente, Jesus tomou o meu lugar”.

Hoje, todos os que têm os olhos desvendados pela graça de Deus e pela fé creem que Jesus morreu uma morte vicária podem dizer de forma muito mais profunda: Jesus tomou o meu lugar naquela cruz!”.
Você pode dizer isso? Ou você ainda está preso aos seus pecados e condenado?

CONCLUSÃO:

Que terrível e doce é essa cena!
O pior do homem e o melhor de Deus!

A pergunta é:
Com quem você se assemelha nessa manhã? Como que você se encaixa nessa história?

Com os líderes religiosos? Pessoas que escondem o ódio pela mensagem da cruz atrás de uma máscara religiosa? Anos de igreja, mas continuam rejeitando a comunhão genuína com o Cristo crucificado.

Com a multidão? Facilmente levada por todo tipo de influência.

Com Pilatos? Se mostra amigável ao Evangelho, já foi batizado, professa publicamente que Jesus é Senhor, mas o coração continua duro e nega seguir a Jesus custe o que custar.
Diz ser cristão, fala da bondade de Jesus, mas não consegue sofrer o dano de negar a si mesmo e tomar a cruz. Um simpatizante sem força para seguir genuinamente que tenta enganar a consciência.

O que você tem escolhido hoje? Qual tem sido o Barrabás que você tem escolhido no lugar de Jesus?
Há muitos aqui, temo, que preferem o pecado antes de Cristo. Poderia dizer, sem necessidade de adivinhar, que eu sei que há alguns aqui que seriam seguidores de Cristo há muito tempo, mas preferiram a bebedeira [ganancia, TV, a imoralidade, o dinheiro]... Oh! Pensem como se verá isto quando estejam no inferno: ‘Eu preferi a esse malvado Barrabás da lascívia, ao invés das belezas e das perfeições do Salvador, que veio ao mundo para buscar e salvar isso que estava perdido!’. E contudo, este é o caso, não de alguns, senão de uma grande multidão que ouve o Evangelho, e preferem o pecado e não o poder salvador desse Evangelho.(Spurgeon - http://www.projetospurgeon.com.br/2012/03/barrabas/)

Que o Senhor nos conceda misericórdia para examinarmos os nossos corações e vermos se eles têm gritado com veemência “Não, Cristo não, me deem... [uma bolsa cheia de dinheiro, imoralidade, bebida, ódio, conforto..] e fora com Cristo”.

Com Barrabás? Ah, sim. Que todos aqui possam ser ver como esse condenado, homicida e rebelde – liberto pela misericórdia de Deus! Livre da ira eterna de Deus, pois Cristo tomou o seu lugar!

Nós poderíamos de forma muito justa pararmos ao lado de Barrabás. Temos roubado de Deus a Sua glória; temos agido como sediciosos traidores contra o governo do céu: se todo aquele que aborrece a seu irmão é homicida, nós também somos culpáveis desse pecado. Aqui estamos diante do tribunal; o Príncipe da Vida está atado por nossa causa e não se nos permite que saiamos livres. Deus nos liberta e nos absolve, enquanto o Salvador, sem mancha nem pecado, nem sequer com uma sombra de uma falta, é conduzido à crucificação. Duas aves eram tomadas no ritual de limpeza de um leproso. Uma ave era sacrificada, e seu sangue era derramado em um vaso de barro; a outra ave era molhada neste sangue, e logo, com suas asas avermelhadas, era deixada em liberdade para que voasse no campo. A ave morta retrata bem ao Salvador, e cada alma que por fé foi submersa em Seu sangue, voa ao alto, até o céu, cantando docemente no gozo da liberdade, devendo sua vida e sua liberdade inteiramente a Ele, que foi imolado.(Spurgeon - http://www.projetospurgeon.com.br/2012/03/barrabas/)

Que doce cena do Evangelho da Graça:
A extrema e radical pecaminosidade do homem. O ódio pela Luz de Jesus.
A total incapacidade do homem de se libertar por esforço próprio. A total inabilidade de conseguir ser justificado pela própria vontade.
A graça de Deus em providenciar alguém para tomar a nossa condenação. Alguém que tomou o nosso lugar na cruz, quando nem podíamos escolher ou agradecer.

Rm 5:6-10 6 De fato, no devido tempo, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios. 7 Dificilmente haverá alguém que morra por um justo; pelo homem bom talvez alguém tenha coragem de morrer. 8 Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores. 9 Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos da ira de Deus por meio dele! 10 Se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!

É com base nessa verdade que Paulo faz a seguinte pergunta: Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente?, e a resposta é: De maneira nenhuma!.

Como viver para nós mesmos diante de tamanha graça e amor? Como continuar na mesma vida diante de tamanha injustiça?

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