Série de Sermões em Marcos
Passagem: Marcos 14:53-54
Título: O Julgamento de Jesus: Parte I
Pregado na manhã de Domingo, do dia 06 de maio de 2012,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Gustavo Barros |
Versão em vídeo
Marcos
14:53-54
53 Levaram Jesus ao sumo sacerdote; e então se reuniram todos os chefes dos
sacerdotes, os líderes religiosos e os mestres da lei. 54 Pedro o seguiu de
longe até o pátio do sumo sacerdote. Sentando-se ali com os guardas,
esquentava-se junto ao fogo.
Introdução
& Contextualização:
O
Getsêmani chegou ao fim. O Jardim das Aflições se tornou o Jardim da Conquista.
Jesus vigiou, orou, venceu a tentação e agora tem o cálice da ira de Deus em
Suas mãos.
A
partir de agora as aflições e os sofrimentos (paixão) de Jesus começam a se
intensificar até culminar com a crucificação. Ele passa a ser batizado na
violência verbal e física dos líderes de Israel. Mais tarde, os gentios
continuarão esse processo de imersão em sofrimentos.
Nós
começaremos a caminhar com o nosso Salvador pelos tribunais perversos dos
judeus e dos gentios até que Ele seja crucificado.
Jesus passou, basicamente, por dois julgamentos:
1°)
Jesus foi julgado pelos judeus.
2°)
Jesus foi julgado pelos romanos.
Por que foram necessário dois julgamentos?
Os
judeus haviam decidido que queriam a morte de Jesus (Mc 14:1; Jo 11:53 E daquele dia em diante, resolveram tirar-lhe a vida.). Sob a autoridade do Império Romano
os judeus não tinham o poder para matar ninguém (Jo 18:31). Mas João nos diz
que eles haviam tentado apedrejar Jesus duas vezes (8:59;10:31) [o
apedrejamento era muitas vezes considerado como um linchamento ultra vires (ver R.T. France, TNIGTC on Mark pg 602)].
A
morte que Deus havia planejado era uma morte de cruz, pois a cruz cumpria
Deuteronômio 21:23 (qualquer
que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus). Jesus precisava levar toda a
maldição de Deus em Seu corpo na cruz e para ser crucificado era necessário que
Ele fosse julgado pelos romanos.
No
perfeito plano de Deus tanto os judeus como os romanos rejeitaram de forma
injusta o Salvador.
Os julgamentos de Jesus podem ser divididos assim:
JULGAMENTO RELIGIOSO
PERANTE ANÁS
|
Jo 18:12-14, 19-24
|
PERANTE CAIFÁS
|
Mt 26:57-68; Mc
14:53-65; Lc 22:54, 63-65
|
PERANTE O SINÉDRIO
|
Mt 27:1; Mc 15:1;
Lc 22:66-71
|
JULGAMENTO CIVIL (PERANTE AUTORIDADES ROMANAS)
PERANTE PILATOS
|
Mt 27:2, 11-14; Mc 15:1-5; Lc 23:1-5; Jo 18:28-38
|
PERANTE HERODES ANTIPAS
|
Lc 23:6-12
|
PERANTE PILATOS
|
Mt 27:15-26; Mc 15:6-15; Lc 23:13-25; Jo 18:39-19:16
|
AS ÚLTIMAS HORAS DE
JESUS
[Extraído de Jesus e os Evangelhos, Vida Nova,
Blomberg]
QUINTA-FEIRA
APÓS
O PÔR DO SOL
|
ÚLTIMA CEIA
ORAÇÃO NO JARDIM
TRAIÇÃO E PRISÃO
|
DE QUINTA PARA SEXTA-FEIRA
NOITE
|
CUSTÓDIA
AUDIÊNCIA DIANTE DE ANÁS
AUDIÊNCIA DIANTE DE CAIFÁS
NEGAÇÃO DE PEDRO
|
SEXTA-FEIRA
COMEÇO
DA MANHÃ
FINAL
DA MANHÃ/MEIO DIA
NO
MEIO DA TARDE
PRÓXIMO
AO PÔR DO SOL
|
SINÉDRIO COMPLETA DELIBERAÇÕES
JESUS ENVIADO A PILATOS
AUDIÊNCIA DIANTE DE PILATOS
JESUS ENVIADO A HERODES
DE VOLTA PARA PILATOS
JESUS É PREGADO NA CRUZ
JESUS MORRE
JESUS É SEPULTADO
|
MATEUS
|
MARCOS
|
LUCAS
|
JOÃO
|
|
1.JESUS
LEVADO À CASA DO SUMO-SACERDOTE
|
26:57
|
14:53
|
22:54
|
18:13-14
|
2.PEDRO
SEGUE ATÉ O PÁTIO
|
26:58
|
14:54
|
22:55
|
18:15
|
3.PEDRO
COMEÇA NEGAR
|
26:69-71
|
14:66-68
|
22:56-57
|
18:16-18
|
4.JESUS
INTERROGADO POR ANÁS
|
18:19-23
|
|||
5.JESUS
JULGADO PERANTE CAIAFÁS
|
26:59-66
|
14:55-64
|
[22:67-71]
|
18:24
|
6.PEDRO
NEGA E O GALO CANTA
|
26:71-75
|
14:69-72
|
22:58-62
|
18:25-27
|
7.JESUS
ABUSADO E ZOMBADO
|
26:67-69
|
14:65
|
22:63-71
|
|
8.JESUS
DIANTE DO SINÉDRIO DE MANHÃ
|
27:1
|
15:1
|
22:66-71
|
18:28
|
9.JESUS
PERANTE PILATOS
|
27:2
|
15:1
|
23:1
|
18:28
|
[Extraído do The
IVP Dictionary of the New Testament]
ESTRUTURA DE MARCOS
14:53-65:
Os
holofotes são transferidos do Getsêmani para o palácio do sumo-sacerdote, onde
Jesus é julgado. Nesse mesmo lugar as luzes iluminam outro personagem
importante: Pedro!
Durante
esse pedaço da narrativa, Marcos move os holofotes para dentro e fora do
palácio: 14:53 (dentro),54 (fora),55-65 (dentro), 66-72 (fora), 15:1 (dentro).
“O efeito de se contar uma história dessa
maneira é que Jesus e Pedro são contrastados fortemente. Os dois estarão sob
pressão, mas Jesus, tanto com Seu silêncio como com sua expressão final, ficará
firme, enquanto Pedro cairá. Jesus irá para Sua morte, mas com Seu testemunho
perfeito: Pedro escapará, mas comprometerá a integridade do seu discipulado. É
um estudo sobre testemunhar sob pressão, em como fazer e como não fazer.” (R.T. France, TNIGTC
on Mark, Eerdmans, pg 602).
Divisão do Estudo:
i
– o primeiro julgamento (João 18:12-13, 19-24)
II
– o segundo julgamento (mC 14:53-65)
a – DENTRO DO PALÁCIO DIANTE DE CAIFÁS (V.53)
B – NO PÁTIO COM PEDRO (V.54)
C – ACUSAÇÕES CONTRA JESUS (VS.55-59)
D – O SILÊNCIO DE JESUS (VS.60-61A)
I – O PRIMEIRO JULGAMENTO (JOÃO 18:12-13,
19-24)
Jo:18:12 Assim, o
destacamento de soldados com o seu comandante e os guardas dos judeus prenderam
Jesus. Amarraram-no 13 e o levaram primeiramente a Anás, que era sogro de Caifás,
o sumo sacerdote naquele ano, 19 Enquanto isso, o sumo sacerdote interrogou
Jesus acerca dos seus discípulos e dos seus ensinamentos. 20 Respondeu-lhe
Jesus: "Eu falei abertamente ao mundo; sempre ensinei nas sinagogas e no
templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada disse em segredo. 21 Por que me
interrogas? Pergunta aos que me ouviram. Certamente eles sabem o que eu
disse". 22 Quando Jesus disse isso, um dos guardas que estava perto
bateu-lhe no rosto. "Isso é jeito de responder ao sumo sacerdote?",
perguntou ele. 23 Respondeu Jesus: "Se eu disse algo de mal, denuncie o
mal. Mas se falei a verdade, por que me bateu?" 24 Então, Anás enviou
Jesus, de mãos amarradas, a Caifás, o sumo sacerdote.
“Prenderam
Jesus. Amarraram-no e o levaram primeiramente a Anás, que era sogro de Caifás,
o sumo sacerdote naquele ano”
Com
o domínio dos romanos sobre a nação judaica, eram os próprios governadores
romanos quem estabeleciam os sumos sacerdotes, fazendo desse ofício um cargo
político. Nos dias de Jesus o sumo sacerdote era um homem chamado Caifás.
Caifás foi estabelecido como sumo sacerdote
em 18 d.C. pelo prefeito romano Valério Grato e exerceu seu cargo até 36 d.C.
Os dezoito anos de serviço revelam quão bom ele era em agradar os romanos em
assuntos políticos. Caifás era genro de outro sumo sacerdote – Anás (ou
Ananus).
Anás serviu de 6 à 15 a.C. como sumo
sacerdote. Ele teve outros cinco filhos que exerceram esse cargo, além do seu
genro Caifás.
Anás
se tornou o ‘Poderoso Chefão’ dessa máfia que controlava os assuntos político-religiosos
de Israel. Apesar de ter perdido o cargo, muitos o consideravam como o sumo
sacerdote, visto que esse ofício deveria ser por toda a vida.
Os
relatos históricos falam que Anás e sua família eram marcados pela frieza e
cobiça.
Jesus,
de acordo com João, foi levado primeiramente a Anás. “Não é improvável que os responsáveis pela prisão quisessem prestar uma
homenagem a Anás ao conceder uma breve audiência com o famoso Jesus.” (Craig Blomberg,
Jesus e os Evangelhos, Vida Nova, pg 445).
Como
chefe da máfia que controlava o templo, Anás era o chefe daquele covil de
ladrões.
Ele
era o grande responsável por todo o comércio no templo. Caifás era quem cuidava
dos assuntos políticos com Roma. Enquanto o sogro cuidava da ‘roubalheira’ em
Jerusalém, o genro cuidava para que Roma estivesse satisfeita.
O PALÁCIO:
É
muito provável que o palácio seja o mesmo. Anás e Caifás poderiam muito bem
morar no mesmo palácio. Era um lugar muito grande que abrigava toda a família
do sumo sacerdote. “A sua casa [de Caifás] funcionava como quartel tanto para a
família de Caifás como para a de seu sogro, Anás, o sumo sacerdote anterior.” (Zondervan Illustrated Bible Backgrounds Commentary
[Matthew], Zondervan, pg 168) Ver também
http://www.bible-history.com/sketches/ancient/palace-of-caiaphas.html
A INTERROGAÇÃO DE
ANÁS [João 18]:
v19 Enquanto isso, o
sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e dos seus
ensinamentos.
Anás
é o primeiro a interrogar Jesus. Ele interroga nosso Senhor acerca dos: discípulos
e ensinamentos!
Essas são as duas marcas de um falso profeta (Dt 13:2-10): iludir as pessoas e
propagar mentiras.
Anás
quer acusar Jesus de ser um falso profeta! Todo falso profeta deveria ser morto
de acordo com a Lei (Dt 13:9-10).
Ao
interrogar sobre os discípulos, Anás espera receber uma resposta de quantos
são, onde encontrá-los e quem são, de forma a acusar Jesus como um perigoso
rebelde perante o julgamento romano.
A
HIPOCRISIA:
**
Eles não falam nada sobre as curas e os milagres cheios de misericórdia e amor
da parte do nosso Salvador. Tais ações de Jesus comprovavam os Seus
ensinamentos, mas eles não mencionam nenhuma delas.
Assim
são os inimigos de Cristo e do Evangelho, adoram discutir e debater sobre os
ensinos bíblicos, mas intencionalmente fecham os olhos para não ver os milagres
e as maravilhas que Jesus realizou e realiza em nossas vidas!
AS RESPOSTAS DE
JESUS:
20 Respondeu-lhe Jesus: "Eu falei
abertamente ao mundo; sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os
judeus se reúnem. Nada disse em segredo. 21 Por que me interrogas? Pergunta aos
que me ouviram. Certamente eles sabem o que eu disse".
Sobre os discípulos Jesus não fala nada. Aqueles que O haviam abandonado e
negado Ele guarda. Ele protege aqueles homens que O abandonaram! Jesus coloca o
foco nEle mesmo (‘eu’, ‘eu’).
**
Quantas vezes nós, diferentemente de Cristo, falamos coisas terríveis e
tornamos público o erro de uma pessoa querida, pois agimos na impulsão do
momento! Aqui, Jesus nos deixa o exemplo de como devemos agir no pior dos
momentos e com a pior das ofensas – guardando e protegendo!
Sobre os ensinos, a resposta de Jesus é destrutiva!
Jesus
fala que Ele nunca ensinou duas coisas diferentes, uma para o público e outra
para os discípulos, mas que sempre ensinou as mesmas coisas para todos!
v.21 “POR QUE ME INTERROGAS? PERGUNTA
AOS QUE ME OUVIRAM. CERTAMENTE ELES SABEM O QUE EU DISSE”
Essa
pergunta de Jesus mostra o quão ilegal estava sendo toda aquela situação. Jesus
está sendo interrogado sem defesa e sem testemunhas. Ele foi amarrado como um
marginal, sem provas, e levado a um homem que não tinha mais um cargo oficial –
totalmente ilegal!
Eles
já haviam, em suas mentes e corações, condenado Jesus, então por que perguntar?
Só
o testemunho de Jesus não é o suficiente para libertá-Lo (Jo 5:31).
O
objetivo deles é que Jesus se autocondene com Suas palavras. Isso é uma emboscada ao invés de um
julgamento!
“PERGUNTA
AOS QUE ME OUVIRAM” – Jesus está pedindo por um julgamento adequado e
de acordo com a lei. Ele pede por ouvintes imparciais que estavam nas sinagogas
e no templo.
Eles
sabem qual foi a reação dos ouvintes (Jo 7:45-53; Mc 1:27-29;11:18;12:37), por
isso eles precisam agir de forma ilegal.
**
Ninguém nunca ensinou ou ensinará com a autoridade e veracidade que Jesus
ensinou. Colocar Jesus no mesmo nível que Sócrates, Gandhi, Buda, Kardec e
outros líderes religiosos é uma ofensa e blasfêmia para com o maior de todos os
mestres!
Através
de Sua resposta, Jesus revela quão ilegal estava sendo aquele inquérito!
Como
consequência do pecado e da vergonha eles agridem Jesus:
v22 Quando Jesus disse
isso, um dos guardas que estava perto bateu-lhe no rosto. "Isso é jeito de
responder ao sumo sacerdote?", perguntou ele.
Eles
sabiam que tudo estava sendo feito de maneira errada. Muitas vezes, quando a
luz da verdade brilha, incomodando os que estão no pecado, a reação mais comum
é a agressividade. Muitos tentam apagar a luz da verdade com violência!
A
cena é de covardia: Jesus está sozinho, sem testemunhas de defesa, com as mãos
amarradas recebendo violência física.
Paulo
recebeu tratamento semelhante – At 23:1-2 Paulo, fixando os
olhos no Sinédrio, disse: "Meus irmãos, tenho cumprido meu dever para com
Deus com toda a boa consciência, até o dia de hoje". 2Diante disso o sumo
sacerdote Ananias deu ordens aos que estavam perto de Paulo para que lhe
batessem na boca.
Todos
os que seguem a Jesus correm o risco de ser injustiçados e mal tratados!
Que
possamos, assim como nosso Senhor, agir com sabedoria, controlados pelo
Espírito e com racionalidade! I Pe 2:21-23
Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês,
deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos. 22"Ele não cometeu
pecado algum, e nenhum engano foi encontrado em sua boca". 23Quando
insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se
àquele que julga com justiça.
Mais uma ilegalidade deve ser acrescentada a lista: brutalidade nunca era permitida em um
julgamento!
v.24 Então, Anás enviou
Jesus, de mãos amarradas, a Caifás, o sumo sacerdote.
O
inquérito preliminar chegou ao fim. Se esse foi o primeiro processo jurídico
não sabemos. Mas sabemos que foi o primeiro inquérito cheio de ódio e sem
justiça!
“O julgamento foi inadequado, ilegal e brutal!”
(William
Hamilton)
Anás
não conseguiu nada para condenar Jesus, mas teve o gostinho de ver Jesus
apanhando. Visto que nenhuma informação foi tirada de Jesus e que ele já viu
seu inimigo sofrendo um pouco fisicamente, Anás O envia para Caifás para um
julgamento mais oficial.
Aos
olhos do perfeito Juiz é Anás quem acaba sendo julgado!
Eles
achavam que teriam Jesus em uma arapuca, mas, na verdade, são eles mesmos que
estão dentro da arapuca divina!
II – O SEGUNDO JULGAMENTO (MC 14:53-65)
A – DENTRO DO
PALÁCIO DIANTE DE CAIFÁS (V.53)
53 Levaram Jesus ao sumo sacerdote; e então
se reuniram todos os chefes dos sacerdotes, os líderes religiosos e os mestres
da lei.
v.53 “Levaram
Jesus ao sumo sacerdote”
Marcos
começa a série de julgamentos já com Jesus diante de Caifás, apesar de ele não
mencionar o nome. Após a cena cruel perante Anás, Jesus é transferido para
outra parte do palácio onde se encontram o sumo sacerdote oficial, Caifás, e
outros líderes religiosos.
Eles
levam Jesus como um troféu, com a alegria de um time campeão.
Eles
O transportaram como um sacrifício (amarrado) até o altar.
Achavam
que estavam levando Jesus como espetáculo público de um inimigo derrotado. Entretanto,
estavam levando o Rei ao lugar da coroação! Estavam levando o sacrífico para o
lugar que Ele deveria estar.
Eles
levaram o Cordeiro de Deus até o sumo sacerdote. Mal sabiam que estavam agindo
conforme as Escrituras: Lv 17:5 Os sacrifícios, que
os israelitas agora fazem em campo aberto, passarão a trazer ao Senhor,
entregando-os ao sacerdote, para oferecê-los ao Senhor.
“e então se reuniram todos os chefes dos
sacerdotes, os líderes religiosos e os mestres da lei” – Esses
são os grupos de homens, já mencionados, que anseiam a morte do nosso Senhor
(8:31; 11:27; 14:43).
“TODOS”
– Sinaliza um contraste entre um grupo repleto de representantes contra um
homem solitário. Setenta homens contra um!
Esse
‘todos’ fala da covardia dos líderes religiosos, mas também da coragem e
bravura do nosso Senhor e Salvador!
Esse
‘todos’ indica que eles representam toda a nação de Israel. Contudo, não só a
nação de Israel, mas todos os que nunca foram regenerados pelo Espírito e são,
portanto, inimigos de Cristo!
**
Isso já é por volta de meia-noite. Eles depravam o sono, que é o descanso natural
do corpo, para condenar Jesus à morte. Estão agindo no meio da noite como
animais selvagens. Eles querem devorar a vítima!
Esses
são os homens que mais conheciam a Palavra de Deus. Esses homens eram os mais
respeitados pelo conhecimento e zelo da Lei. Eram eles que ensinavam as
Escrituras. Vejamos quão longe eles estavam de Deus e quão pouco eles realmente
conheciam a Palavra.
O LOCAL:
Jesus
está no palácio do sumo sacerdote (v.54; Mt 26:57-58). Foi nesse mesmo lugar
que eles haviam se reunido para planejar a morte do nosso Senhor (Mt 26:3-4 3 Naquela ocasião os chefes
dos sacerdotes e os líderes religioso do povo se reuniram no palácio do sumo
sacerdote, cujo nome era Caifás, 4 e juntos planejaram prender Jesus à traição
e matá-lo). Essa deveria
ser a morada da justiça. O palácio do sumo sacerdote era para ser o local onde
a verdade reinava.
A
casa de Caifás havia se tornado um covil de predadores – foi lá que eles se
reuniram para planejar a morte de Jesus. O lar do sumo sacerdote era um lar de
iniquidade e cobiça. Se a casa daquele que é o líder religioso do povo está
repleta de iniquidade, não é de se estranhar que o templo se tornasse um ‘covil
de ladrões’. Não é a toa que a casa do presbítero deva estar em ordem para que
ele possa pastorear a igreja do Senhor (I Tm 3:1-5).
B – NO PÁTIO COM
PEDRO (V.54)
54 Pedro o seguiu de longe até o pátio do
sumo sacerdote. Sentando-se ali com os guardas, esquentava-se junto ao fogo.
De
repente, Marcos vira o holofote para fora do palácio e ilumina o que está
acontecendo do lado de fora do julgamento. O autor está nos preparando para o
que virá em 14:66-72.
“Pedro o seguiu de longe até o pátio do sumo
sacerdote”
“PEDRO
O SEGUIU” --- O esforço de Pedro em cumprir suas bravas palavras. Ele
quer cumprir o que havia prometido (14:29-31).
Após
a primeira fuga, após correr do Getsêmani, Pedro de alguma forma conseguiu
seguir a multidão que havia prendido a Jesus.
Pode
parecer bravura e valentia de Pedro. Em um primeiro instante, a cena parece ser
heroica. O relato parece ser de que Pedro é realmente a rocha. Entretanto, essa
valentia não passa de uma tentativa covarde de cumprir a sua heroica declaração
(14:29-31).
Digo
que é uma tentativa covarde da parte de Pedro, pois veja como ele seguiu a
Jesus:
“PEDRO
O SEGUIU DE LONGE”
Quão
desastroso é quando alguém segue Jesus de longe!
A
receita é dada: Pare de vigiar, pare de orar, durma e descanse quando você
deveria estar atento espiritualmente e o resultado é que você passa a se
distanciar cada vez mais de Jesus. E estar distante de Jesus causa uma queda
terrível!
Muitos
aqui estão como Pedro – seguindo a Pessoa certa. Você tem faíscas de amor por
Jesus, você tem certa preocupação para com as coisas de Deus, mas o zelo pelo
seu próprio conforto, o temor do desprezo, a preocupação para com sua própria
segurança e status te fazem segui-lo de longe. Quão perigoso é seguir a Jesus
de longe!
Distância
de Jesus lhe causa vulnerabilidade! Em uma cidade estranha, com ruas
desconhecidas, você não segue uma pessoa que conhece o lugar de longe, mas de
perto. Por que tantas pessoas seguem Jesus de longe nessa vida que é tão escura
e tão desconhecida?
O QUE PODE CAUSAR
ESSA DISTÂNCIA:
1
– Falta de estar vigiando e orando. Falta de comunhão com o Espírito Santo.
Falta de acordar mais cedo e se prostrar diante de Deus em reverência. Falta de
temor em desligar a TV, computador, livro ou jornal para passar mais tempo em
comunhão com Jesus.
2
– Temor de homens. Quando tememos o que as pessoas vão pensar e falar de nós,
acabamos por seguir Jesus de longe. Temos medo de ser acusados, de ser
diferentes.
3
– O Pecado. Quando cultivamos um pecado em nossas vidas, quando não nos
humilhamos diante de Deus e confessamos os nossos pecados, quando não
procuramos ajuda para certos vícios e hábitos pecaminosos, nós criamos uma
distância! Não conseguimos seguir a Jesus de perto, pois a santidade dEle passa
a nos incomodar!
4
– Correria do dia-dia. Ficamos tão ocupados com outras coisas, ficamos tão
distraídos com o que o mundo nos bombardeia, que perdemos a concentração e o foco
no que realmente é importante. Isso rouba a intimidade e a proximidade.
5
– Religiosidade. Religiosidade é um grande inimigo da proximidade! Muitos, só
porque cumprem certos afazeres religiosos, acham que estão seguindo Jesus de
perto, quando na verdade os corações estão bem distantes de Jesus! Quando não
sentimos paixão, amor e zelo pelas coisas de Deus, quando não sentimos alegria
de estar cultuando o nosso Senhor, fazemos certas coisas só por fazer.
v.54 Pedro o seguiu de
longe até o pátio do sumo sacerdote. Sentando-se ali com os guardas, esquentava-se junto
ao fogo
Ao
invés de seguir Jesus até o lugar do julgamento, ao invés de seguir Jesus até dentro
do palácio do sumo sacerdote, ele fica no pátio e se assenta com os inimigos do
nosso Salvador.
Muitos
cristãos se comportam assim como Pedro: nos lugares de conforto e segurança (em
casa, na igreja, na casa dos membros da igreja) a pessoa profere palavras de
coragem e amor por Jesus. Contudo, nos lugares de risco, nos lugares onde a
zombaria e o desprezo são uma forte ameaça (no trabalho, no futebol, no salão
de beleza, com os amigos não convertidos), a pessoa se assenta e tenta se
assemelhar aos inimigos de Cristo.
Que
possamos aprender com o fracasso de Pedro! Assim como o Antigo Testamento foi
escrito para nos advertir (I Co 10:11-12
Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência
para nós, sobre quem tem chegado o fim dos tempos. 12Assim, aquele que julga
estar firme, cuide-se para que não caia),
esse relato de Pedro é uma graciosa advertência a todos nós.
Esse é o processo
natural na vida de qualquer cristão que age como Pedro:
1)
A
pessoa não vigia e não ora.
2)
A
pessoa dorme.
3)
Começa
a seguir Jesus de longe, visto que está cansada e desatenta.
4)
Devido
a distância a pessoa começa a perder contato com Jesus e começa a fazer o que os outros fazem! A
pessoa para de se assemelhar a
Jesus e começa a se assemelhar ao mundo.
Ele
não havia orado nem vigiado e agora Pedro se joga na tentação.
“Observemos, neste versículo, quão insensatamente
os crentes, às vezes, arrastam-se à tentação... Não vemos qualquer sabedoria
nesse ato de Pedro. Tendo antes abandonado a seu Senhor e fugido, ele deveria
ter se lembrado de sua própria fraqueza, não se aventurado ao perigo mais uma
vez. O que ele fez foi um ato de imprudência e presunção. Isso fez com que a
sua fé passasse por um novo teste, para o qual ele estava totalmente
despreparado. Pedro acabou se assentando entre más companhias, das quais ele,
dificilmente, receberia qualquer bem, mas somente o mal. Isso pavimentou o
caminho para sua última e maior transgressão – a sua negação do Senhor, por
três vezes.” (J.C.
Ryle, Meditações no Evangelho de Marcos,
Fiel, pg 194)
É
assim que muitos agem! Quantos cristãos caem porque não vigiam, não oram, ficam
em um estado espiritual de sonambulismo, passam a seguir Jesus de longe
(espiritualmente) e começam a andar com más companhias (casos com bebida,
roubo, fofoca, problemas no casamento) – o fim é uma terrível queda.
CONCLUSÃO:
Hoje
nós encerramos com esse contraste entre Jesus e Pedro. Marcos colocou o
holofote dentro do palácio e lá vimos as injustiças contra Jesus. Lá dentro nós
pudemos observar a covardia e a iniquidade daqueles homens. O palácio do sumo
sacerdote era, na verdade, um lugar de mentiras, cobiça e ódio.
Lá
dentro, no meio de toda aquela treva, estava o nosso Senhor e Salvador, o mais
valente, o mais corajoso e o mais amoroso que a humanidade já viu. Jesus estava
lá dentro, sozinho, sendo injustamente julgado para que nós fossemos justamente
julgados por Deus. O grande amor de Jesus para com Seu povo é visto nessa cena
de tanto ódio da parte dos líderes perversos de Israel.
Marcos
também iluminou o pátio do palácio, onde vimos o resultado da arrogância, da
falta de oração e vigilância da parte de Pedro. Ele, assim como muitos de nós,
negligenciou a sua tarefa de orar e estar atento. Pedro dormiu quando deveria
ter ficado acordado. O resultado foi que ele passou a seguir a Jesus de longe.
Como consequência da distância dele para com Jesus, Pedro parou de ver quem ele
realmente era e do que ele realmente necessitava.
Os
julgamentos continuarão. Continuaremos a caminhar com o nosso Valente Salvador
pelos tribunais injustos de Jerusalém e Roma. Continuaremos vendo a soberania
de Deus em meio à perversidade daqueles homens.
Que
você, hoje, não esteja como Anás nem Caifás – cegos para com as maravilhas e graça
de Jesus. Que você não esteja como eles, buscando meios para condenar o
Salvador do mundo enquanto ao seu redor só há demonstrações da autoridade e
amor de Jesus. A minha oração é para que você não esteja como Pedro – seguindo
Jesus de longe. Mas que esteja pertinho do nosso Senhor, seguindo Jesus como um
verdadeiro discípulo!
Meditemos
em Hebreus 12:1-3!
Que
Deus nos conceda misericórdia!
Que
os injustos julgamentos de Jesus nos levem a uma vida de gratidão e santidade!
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